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AS RAZÕES
"Escritor não cativa em 99"
da Reportagem Local
"Estilos também envelhecem. Foi uma decisão comercial-editorial que eu assino embaixo." Essa é a avaliação da diretora editorial
da Objetiva sobre o original
de "Casa Velha", enviado
pela Folha sem o nome de
seu verdadeiro autor, Machado de Assis.
"Uma coisa é um autor
dentro de seu contexto literário e político. Outra é ele
hoje. Ele não cativa. Fiquei
surpresa por não termos
identificado. Mas, sendo rigorosos como somos, ele
não está dentro do que estamos buscando. Não tem
empatia com o leitor brasileiro de 1999."
Para a gerente editorial da
Rocco, Vivian Wyler, "o
problema é de mercado
mesmo. A pessoa que avaliou o livro disse que, de cara, pesou o fato de parecer
uma novela histórica. É um
gênero que teve um "boom"
há alguns anos e, só para 99,
já contratamos três livros
assim. Sendo que dois são
exatamente desse período".
"Então, pela "consideração tema", eu já tinha outros. Pela "consideração estilo", julgou-se que o autor
imitava um estilo antigo, o
que é complicado para o leitor de hoje, às vezes, um
empecilho. A linguagem é
um pouco rebuscada."
Wyler afirma que sua avaliadora não foi até o fim do
texto. "Porque esses elementos já estavam todos no
início. Além disso, o original não tinha título, endereço para devolução, apenas
um e-mail. Não tinha o que
a gente costuma exigir das
pessoas", afirma.
A responsável pela seleção da Companhia das Letras, Ruth Lanna, não soube
explicar as razões editoriais
da recusa de "Casa Velha".
"Fui procurar os registros e
encontrei a entrada desse
original e também a saída,
mas não a avaliação", afirma.
"Não sei dizer os motivos.
Mas afirmo que o texto enviado foi analisado. Se você
recebeu uma carta de recusa, é por que ele passou nas
mãos de um leitor aqui dentro."
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