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Ganha reedição livro "Lasar Segall", de 1951, preparado por Pietro Maria Bardi
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Segall reencontra Bardi
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1934, na Galleria Del Milione, em Milão (Itália), o jovem jornalista Pietro Maria Bardi encontrou-se com o já consagrado artista plástico Lasar Segall. Foi a primeira vez. Como resultado, um
artigo elogioso na revista "Quadrante", para onde Bardi trabalhava. Desde então, foram muitos
encontros.
Agora, a partir desta semana,
ambos voltam a estar juntos, graças à reedição de "Lasar Segall", o
livro que Bardi preparou para o
artista em 51, por ocasião de uma
retrospectiva sua no Museu de
Arte de São Paulo (Masp), que tinha o italiano como diretor.
"Foi uma publicação muito singular na época, quando eram raros os livros de arte no país", conta Marcelo Araujo, do Museu Lasar Segall.
A nova obra é praticamente
uma edição fac-similar da primeira publicação, acrescida apenas
de um apêndice que traz parte da
correspondência entre ambos,
biografias e uma entrevista de Vera D'Horta com Bardi, em junho
de 72. O livro original está esgotado há décadas, apenas a versão bilíngue francês-inglês ainda está
disponível.
"Este é um dos trabalhos mais
consistentes do Bardi, foi ele próprio quem diagramou o livro e
chegou a receber prêmios por isso
na época", conta Marcelo Ferraz,
do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi,
que edita o livro, em co-produção
com a Imprensa Oficial do Estado
de São Paulo.
Esta é a quarta publicação do
instituto para as comemorações
do centenário do nascimento de
Bardi, iniciado em 99, logo após
sua morte. Todas acompanharam
exposições. Neste caso, "Bardi e
Segall" esteve em cartaz no ano
passado.
Amigos
Bardi chegou ao Brasil em 1946,
a convite de Assis Chateaubriand,
para criar um museu de arte -no
ano seguinte já participava da
fundação do Masp, onde permaneceu como diretor até 1990.
Logo ao desembarcar do navio
que o trouxe da Itália, no Rio de
Janeiro, Bardi encontrou-se com
Segall, que vivia no país definitivamente desde 1932. Na época, o
artista já era reconhecido internacionalmente por sua obra expressionista e sua melhor safra segundo o próprio Bardi na publicação:
"Quando chega ao Brasil, o que
encontra é um ambiente de grande conformismo. Até a Semana
de Arte de 22 foi uma grande vaia.
Para mim, Segall era um peixe fora d'água. Era, antes de tudo, um
russo, e um patriota russo. Não há
dúvida que seu período mais importante é o expressionista".
Foi Segall uma das pessoas a introduzir Bardi no mundo das artes do país. Promoveu jantares em
sua casa no Rio, apresentou-o a
intelectuais e artistas. Os dois casais, Lina Bo e Bardi, Jenny Klabin
e Segall tornam-se amigos. Por serem estrangeiros -Segall nasceu
na Lituânia-, certa cumplicidade desenvolveu-se entre os dois.
Por seu lado, Bardi realizou um
imenso trabalho de difusão de Segall no Brasil e na Europa. Organizou mostras e publicações, doou
obras do artista a instituições no
exterior, fez contatos com críticos
e marchands.
Em 1951, quando Segall completou 60 anos, Bardi organizou uma
grande retrospectiva do artista no
Masp, e o livro, agora reeditado,
deveria ser lançado para a abertura da mostra. Atrasos na impressão adiaram o lançamento para o
ano seguinte.
Publicação luxuosa para a época, ela reunia 194 imagens de
obras, do período de 1910 a 1950.
Além de uma extensa biografia
escrita pelo próprio Bardi, certamente em colaboração com Segall, o livro reunia ainda textos de
Mário de Andrade e Manuel Bandeira, entre outros.
Mais do que mero registro de
uma exposição, "Lasar Segall" é o
registro de uma amizade, escrito
"com espírito de humana simpatia", conforme o texto introdutório de Bardi no livro.
LASAR SEGALL - De: Pietro Maria Bardi.
Editora: Instituto Lina Bo Bardi (tel. 0/xx/
11/3744-9902) e Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo (tel. 0/xx/11/6099-9446). Lançamento: no próximo sábado,
dia 26/5, às 14h, no Museu Lasar Segall (r.
Berta, 111, tel. 0/xx/11/5574-7322).
Reedição, a partir da obra original de
1952, com novos textos, 216 págs. R$ 50.
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