São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUÍDO

Djavan, 55, decreta independência total

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao fundar sua gravadora, Luanda Records, o alagoano Djavan torna-se o primeiro artista do primeiro escalão da música popular brasileira a se descolar completamente da grande indústria fonográfica.
Maria Bethânia foi pioneira no rompimento com as grandes multinacionais -foi para a independente Biscoito Fino. Tornou-se praxe da grande indústria renegociar para menos contratos de artistas de ponta.
Depois de Bethânia, intensificou-se entre artistas que não aderiram à renegociação uma diáspora para gravadoras menores (exemplos de Gal Costa e Martinho da Vila) ou selos próprios apenas distribuídos pelas grandes (Arnaldo Antunes, Fernanda Abreu).
O caso de Djavan é diferente. Ele pediu rescisão de contrato com a Sony Music, após 22 anos de vínculo com a casa. Contatada pela Folha, a gravadora não comentou o assunto.
O artista montou equipe com sua empresária, Mara Rabello, e assessores de promoção, vendas e distribuição -aí está a novidade de seu caso. Edson Coelho, ex-executivo da área de marketing da Universal (e atuante na explosão da axé music), é outro egresso da grande indústria incorporado à empreitada.
A exemplo da Sony, Djavan manda dizer que ainda não é hora de falar sobre sua gravadora. Mas lançará em julho o álbum "Vaidade", seu primeiro produto. E pretende, adiante, editar também discos feitos por outros artistas.

O NÃO-LANÇAMENTO

Era um estouro de vendagens nos anos 80. No auge do sucesso, A Turma do Balão Mágico gravou disco com estrelas como Djavan e Roberto Carlos, seus colegas de CBS (hoje Sony). O rei, aliás, foi na época ultrapassado em vendagens pelo grupo infantil que cantava versões e bobagens ("Baile dos Passarinhos", "A Galinha Magricela"), mas também, como no caso deste "A Turma do Balão Mágico" (82), releituras pop de Ary Barroso ("Upa, Upa, Meu Trolinho"), João de Barro ("Tem Gato na Tuba") e Wilson Batista ("Cowboy do Amor"). A Sony relançou em CD o álbum de duetos e até fez um DVD a partir dele. Mas parou por aí.

POLVOROSA
A indústria fonográfica local alimenta rumores sobre presumida contratação iminente do executivo Marcos Maynard, ex-Universal e ex-Abril Music, para a presidência da EMI. De perfil comercial agressivo, Maynard nega. A EMI não se pronuncia.

LEGIÃO VERSUS LEGIÃO
A irmã de Renato Russo, Carmem Manfredini, luta na mesma EMI para lançar uma nova versão do álbum póstumo recém-editado "As Quatro Estações - Ao Vivo". "Aquele que saiu não nos satisfez de modo nenhum, cortaram 90% das falas de Renato", diz ela.

CHICO NA CAIXA
A BMG nega que esteja inativa no departamento de caixas de CDs: promete lançar em junho, em comemoração dos 60 anos de Chico Buarque, caixa com sua obra completa de 1987 até hoje. Serão 12 CDs e dois DVDs, supervisionados pelo empresário de Chico, Vinícius França, e pelo departamento de marketing estratégico da gravadora.

TITÃS GRATUITOS
A BMG e o site iMusica (www.imusica.com.br) cedem para audição gratuita "Provas de Amor", dos Titãs, e "Consumado", do ex-titã Arnaldo Antunes. Mas é provisório: a promoção vai até o dia 25 e tem prazo de validade de 15 dias.

FAMÍLIA ESPÍNDOLA
No ambiente independente, a família matogrossense Espíndola (Tetê, Alzira, Celito, Geraldo, Humberto, Jerry, Sérgio) se reúne pela primeira vez num CD em conjunto, "Espíndola Canta".

A GLOBO E A MÚSICA
O faturamento bruto da Som Livre, gravadora da Globo, e de seu site na internet diminuiu 30% de 2002 para 2003: caiu de R$ 133 milhões para R$ 93,1 milhões. Sem elenco fixo de artistas, a Som Livre veicula principalmente CDs das trilhas sonoras das novelas da Globo. O disco de "Celebridade" só recebeu até hoje da Associação Brasileira dos Produtores de Discos o certificado de 100 mil cópias vendidas.

psanches@folhasp.com.br


Texto Anterior: Irony Is a Dead Scene
Próximo Texto: Música: Jorge Drexler mostra sua identidade pop hoje em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.