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ENTREVISTA
"Sem Frescura" tem conversa de bar
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
A conversa pegamos no meio,
sabe como é: Paulo César Peréio,
não de frente, mas de lado, com
Fernando Gabeira, colunista da
Folha. Num inverossímil cenário
de biblioteca, eles transferem a
pauta de esquerda de bar para o
"Sem Frescura" de amanhã.
No programa, comandado por
Peréio, o ator e o deputado
-meio desencantados, meio sem
querer jogar a toalha- comentam a morte da freira Dorothy
Stang, o governo Lula, teorizam
sobre o "Brasil profundo".
"Que ministro?", pergunta Peréio. "Aquele que me fez esperar
na sala", diz Gabeira. O deputado,
ex-PT, ataca o ministro, o ex-companheiro José Dirceu, o que o
fez esperar na ante-sala da Casa
Civil antes de dizer que o governo
ia liberar os transgênicos. "Ele
[Dirceu] é o Tio Patinhas dos grupos de estudo. Vai juntando e não
sabe o que fazer com eles", atira.
Dali, segue a conversa, bastante
dilemática. O que fazer em 2006?
Sem esperança em Lula, talvez
reste o movimento social.
E então chegamos a outra pauta
da esquerda de bar: como avaliar
Severino Cavalcanti. Preconceito
ou mistificação? "O Lula é inteligente, mas às vezes fala umas besteiras. Mas, se criticamos, estamos sendo preconceituosos." O
risco, Gabeira diz, é "blindar" as
besteiras de Severino, passar a
"valorizar" a ignorância.
"O Severino? O brasileiro é
aquilo ali", rebate Peréio. Para
Gabeira, o brasileiro é Severino,
mas mais ali para cima, no Norte.
"O Sudeste está mais fora dessa
coisa tipo dentadura, caridade,
pequenos poderes", explica. O
"Brasil profundo" do deputado
carioca se esquece da eleição de
Campos e das bandeiras do casal
Garotinho no Rio, por exemplo.
Sem Frescura: Fernando
Gabeira
Quando: amanhã, às 20h30, no Canal
Brasil
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