São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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Paglia faz conferência em tom de combate

Em palestra no Sesc Vila Mariana, ensaísta norte-americana criticou os pós-estruturalistas e exaltou Madonna

Congesso de Jornalismo Cultural também ouviu o historiador francês Roger Chartier falar de crítica literária

DE SÃO PAULO

"Quem acha Lady Gaga sexy precisa de tratamento." Camille Paglia entusiasmou o público em sua conferência anteontem, no Sesc Vila Mariana, durante o 3º Congresso de Jornalismo Cultural.
Circulando entre arte, comportamento e literatura, a crítica norte-americana atacou os pós-estruturalistas (Foucault em especial), disse que Susan Sontag era "pretensiosa" e que um de seus grandes méritos foi discordar do feminismo estabelecido.
"Sou um produto da revolução cultural americana dos anos 1960", disse Paglia.
"O feminismo estabelecido diz que Picasso é um mau artista porque tratava mal suas mulheres. Contra isso, fui à guerra." Paglia fala e escreve em tom de combate. Quando pequena, pediu aos pais uma fantasia de "soldado romano".
Ela fez a plateia rir ao dizer que adora o "glamour" dos santos católicos, mas que não tem nenhuma identificação com a figura de Jesus. Segundo ela, a repressão da cultura católica de sua família contribuiu para sua personalidade combativa.
"Meus alunos têm a mãe por melhor amiga. Que tipo de arte pode sair daí?"
Professora em escolas de arte, disse escrever para a internet pensando no "visual". "Crio parágrafos como pequenos blocos. Livros, eu escrevo muito devagar. Um livro é feito para durar, é algo para a próxima geração."
Historiador francês especializado em cultura escrita, Roger Chartier falou em sua conferência sobre as transformações em curso no jornalismo cultural, em especial nas resenhas.
"O jornal se limita a publicar resenhas dos autores e editoras mais conhecidos. Na França, editoras universitárias do interior publicam obras maravilhosas. Teses excelentes são transformadas em livros, mas dificilmente ganham espaço."
Atuando há anos como resenhista para os jornais "Le Monde" e "Libération", Chartier apontou ainda o fato de que, além de cada vez mais raros, textos desta natureza tornaram-se menores.
"A resenha fica reduzida a um resumo, sem o contexto, sem comparações."


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