São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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Roubo de "O Jardineiro" e "A Arlesiana", do pintor holandês, e "A Cabana de Jourdan", do artista francês, pode ter motivação política
Ladrões levam dois Van Goghs e Cézanne de museu romano

Reuters
"O Jardineiro", de Vincent Van Gogh, que foi roubada anteontem da Galeria Nacional de Arte Moderna, em Roma


das agências internacionais

Duas telas de Vincent Van Gogh ("O Jardineiro" e "A Arlesiana") e uma de Cézanne ("A Cabana de Jourdan") foram roubadas na noite de anteontem da Galeria Nacional de Arte Moderna , em Roma, informou ontem a polícia local.
A agência italiana de notícias ADN Kronos também divulgou ontem ter recebido um telefonema anônimo que sugeria motivação política para o roubo. "Nós informaremos vocês das nossas condições, inclusive políticas, para a devolução dos Van Goghs e do Cézanne", teria dito o sujeito.
O museu foi invadido por três homens armados e com os rostos cobertos por volta das 22h40 (horário local), pouco depois do horário de visitas, que vai até às 22h. Eles renderam as três seguranças que se encontravam na sala de controle e as obrigaram a desligar o sistema de alarmes.
As três funcionárias foram encontradas, na manhã de ontem, amarradas e amordaçadas no banheiro. Além das obras de arte, os ladrões levaram cerca de US$ 570 que se encontravam na caixa-forte do museu, que está situado no parque Villa Borghese, na região central da cidade.
O roubo foi descoberto por volta da 1h, quando o proprietário do bar do museu percebeu que a porta da instituição estava aberta e que o alarme não funcionava.
Van Gogh pintou "O Jardineiro" (61 cm x 50 cm) em Saint Remy, na França, na primavera de 1889. "A Arlesiana, Retrato de Madame Ginoux", tela não assinada de 60 cm x 50 cm, pode ter sido pintada entre janeiro e fevereiro de 1890, poucos meses antes do suicídio do artista holandês, em agosto. O pintor teria se inspirado em um desenho a carvão de Gauguin.
A protagonista da tela, madame Ginoux, cuidou do pintor enquanto ele esteve hospitalizado em Arles, no sul da França, depois de uma forte crise de depressão.
Van Gogh realizou três retratos de madame Ginoux, um dos quais se encontra no acervo do Masp (leia texto nesta página).
"A Cabana de Jourdan" (61 cm x 85 cm) também é tido como o último óleo sobre tela do pintor pós-impressionista francês Paul Cézanne, realizado pouco antes de sua morte, em 1906. Havia sido comprado de um colecionador milanês em 1986.
Walter Veltroni, ministro italiano dos Bens Culturais, Sandra Pinto, superintendente do museu, e Roberto Conforti, chefe do serviço de proteção ao patrimônio artístico dos "carabinieri" (a polícia italiana), foram ao local ainda na madrugada de ontem.
"Foi um trabalho de profissionais", disse ontem Antonio Pagnozzi, o prefeito de Roma. "Os homens se apoderaram das fitas de vídeo das câmeras internas de segurança e dos walkie-talkies das vigilantes", disse.
O ministro Veltroni acredita que seja possível recuperar as obras. "O serviço de proteção ao patrimônio dos "carabinieri' é muito eficiente, e metade das obras roubadas são recuperadas", disse.
Elena di Maio, assessora de imprensa do museu, notou ainda que os ladrões estavam determinados a levar aquelas três telas. "Eles passaram por Monet e Degas na mesma sala. As três telas roubadas tinham alarmes individuais, que foram desativados", disse.
Di Maio sugere ainda que, devido à dificuldade de recolocação desses trabalhos no mercado, o roubo pode ter sido encomendado por algum colecionador.
Esse não é o primeiro caso de roubo importante na Galeria de Arte Moderna de Roma. Em 1992, duas aquarelas de Cézanne também foram roubadas.



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