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CRÍTICA
Autor pontua no espaço singularidade de movimentos
TIAGO MESQUITA
CRÍTICO DA FOLHA
Há menos de 50 anos, apareceram nas artes plásticas
modos de proceder e de se apresentar diferentes do que a arte
moderna havia proposto até então. Sua estrutura se tornava mais
contaminada pelo espaço ao redor, e a obra respondia agindo de
maneira ativa nesse entorno. É
nesse momento que recrudescem
questões como a participação, a
performance e a instalação.
O livro "O Espaço Moderno",
de Alberto Tassinari, pontua essa
distinção e procura entender como se deu a passagem da arte moderna para a arte contemporânea.
Para definir com precisão o que
são os dois momentos, o autor enfrenta uma dificuldade inicial, já
que não se trata de dois tipos de
manifestação unívoca. Tanto nas
obras modernas como nas contemporâneas é difícil encontrar
um princípio que as unifique.
É na noção de espaço que Tassinari encontra não apenas o que
singulariza cada momento, mas
um viés privilegiado para observar como se deu a passagem de
um para outro. O uso da categoria
de espaço acaba funcionando como um artifício polêmico no interior do livro. Em tempos tão pouco afeitos à visualidade dos trabalhos, usar uma categoria tão formal talvez soe como um pedido
de paciência e cuidado, de um
olhar atento e generoso antes que
teçamos qualquer comentário.
Traduzindo nesses termos, a
passagem da arte moderna para a
arte contemporânea seria a mudança da fase de formação do espaço moderno para a sua fase de
desdobramento.
De maneira bastante clara, Tassinari vê na passagem a constituição de um espaço divergente ao
da perspectiva. Seria na arte contemporânea que o antiilusionismo moderno se realizaria, constituindo um espaço próprio.
Dessa forma a arte contemporânea se coloca no mundo e utiliza
seus sinais como índices puramente objetivos do que se estrutura nos trabalhos, como construções inteiramente secularizadas,
de uma espacialidade que não
precisa mais se estabelecer. Essa
interpretação talvez encerre a tensão modernista de seu período de
formação e responsável por uma
riqueza ímpar. Entretanto parece
enxergar possibilidades, das
obras que, resistentes, insistem
em rasurar a experiência comum,
em um lugar em que elas nunca
estiveram tão próximas dessa.
O Espaço Moderno
Autor: Alberto Tassinari
Editora: Cosac & Naify (tel. 0/xx/11/255-8808)
Lançamento: hoje, às 19h30, no Museu
de Arte Moderna de São Paulo - MAM
(parque Ibirapuera)
Quanto: R$ 48 (160 págs.)
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