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CINEMA/ESTRÉIAS
"PANTALEÃO E AS VISITADORAS"
Divulgação
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Cena de "Pantaleão e as Visitadoras", de Francisco Lombardi, que ganhou sete troféus na edição de 1998 do Festival de Gramado |
Filme é baseado em obra de Vargas Llosa
Amazônia empresta contornos a premiada sátira peruana
DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
"Pantaleão e as Visitadoras" é dado a superlativos.
O filme estréia em circuito comercial no Brasil hoje, três anos após
representar o maior orçamento
da história do cinema do Peru
(numa produção de US$ 2 milhões), basear-se em romance homônimo publicado em 1973 pelo
mais prestigiado escritor do país,
Mario Vargas Llosa, atrair o
maior número de público em salas peruanas em 99 (630 mil espectadores) e angariar sete troféus na edição de 98 do Festival de
Gramado: melhor filme, direção,
ator, roteiro, montagem e os prêmios da crítica e do júri popular.
No comando desse time, um ex-presidente do clube peruano de
futebol Sporting Cristal: o cineasta Francisco Lombardi, que já havia levado em 1985 outro romance de Llosa para as telas, "La Ciudad y los Perros" -e cuja versão
de "Pantaleão" registra mais uma
vitória ao ter superado em muito
a primeira filmagem do romance,
em 75, sob direção do próprio
Llosa (ao lado do diretor espanhol
José María Gutiérrez), malogro
fílmico reconhecido pelo escritor.
A partir de entrecho cômico (a
história de um oficial exemplar do
Exército que é incumbido de organizar ofertas de prostitutas a
soldados remetidos aos rincões
da Amazônia peruana), o filme de
Lombardi sabe se aproveitar das
situações ridiculamente verossímeis, embora improváveis, resultantes da missão de tal natureza.
Assim, na primeira parte da
produção, o capitão Pantaleão
Pantoja (Salvador del Solar), em
carreira ascendente na corporação, marido exemplar, militar
obediente, se ocupa da criação de
um certo "serviço de visitadoras"
-eufemismo para designar a
prostituição institucionalizada-,
que surge como solução, nos círculos do Exército, para aplacar os
impulsos sexuais da tropa, apontada como responsável pelos índices alarmantes de estupro registrados em Iquitos.
A rigidez, os jargões e os trâmites da hierarquia militar acompanham o desenrolar patético dos
acontecimentos, na qual se fazem
presentes os burlescos relatórios
que Pantoja envia a seus superiores, a repentina transformação do
capitão em cafetão oficial (que
abandona a farda para camuflar-se sob camisas berrantes) e a sua
obsessiva dedicação ao sucesso da
empreitada.
Na escolha meticulosa das "visitadoras", encontra a deslumbrante Colombiana (Angie Cepeda,
em personagem que na versão do
longa de 75, curiosamente, levava
o nome de a Brasileira). É quando
se desdobram os tons dramáticos
da situação, advindos sobretudo
da seriedade e do cumprimento
cego a ordens com que Pantoja
revestiu toda a vida.
Francisco Lombardi gosta de
cutucar satiricamente instituições
e valores significantes para a
América Latina, seja a exaltação
da virilidade e a sociedade patriarcal, em "Não Conte a Ninguém" (98), seja o Exército, caso
deste "Pantaleão". Suas cócegas
fazem rir, mas também despertam para visões multifacetadas da
realidade da região.
O novo filme do diretor, "Tinta
Roja", tem como tema a imprensa
sensacionalista e está em exibição
neste domingo em São Paulo,
dentro do festival Cinesul.
Pantaleão e as Visitadoras
Direção: Francisco J. Lombardi
Produção: Peru/Espanha, 1999
Com: Salvador del Solar, Angie Cepeda,
Pilar Bardem, Mónica Sánchez
Quando: a partir de hoje nos cines
Cineclube DirecTV, Espaço Unibanco,
Jardim Sul, Lumière, Sala UOL e Top Cine
TINTA ROJA. De: Francisco J. Lombardi.
Produção: Peru/ Espanha (2000). Com:
Gianfranco Brero, Giovanni Ciccia, Fele
Martinez, Lucía Jiménez. Quando:
domingo (dia 23), às 16h30. Onde:
Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 112, centro, São
Paulo, tel. 0/xx/11/3113-3651).
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