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MÚSICA/LANÇAMENTOS
POP
Chegam ao Brasil discos de George Harrison e Ringo Starr
Metade "B" dos Beatles ganha álbuns históricos
MARCELO VALLETTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
George Harrison e Ringo
Starr, o "lado B" do maior
grupo de música pop da história,
só puderam expressar melhor a
extensão de seu talento após Lennon e McCartney decidirem pôr
um fim aos Beatles. Lançados por
aqui em CD apenas agora, cinco
álbuns de Harrison e um de Starr
ajudam o fã brasileiro a entender
as qualidades e os defeitos da metade menos popular dos "fabs".
A grande surpresa é o lançamento dos dois primeiros discos
solo de Harrison. Gravados enquanto os Beatles estavam em
plena atividade, "Wonderwall
Music" (68) e "Electronic Sound"
(69) deixam as guitarras e a música pop em segundo plano.
Trilha do filme "Wonderwall", é
também o primeiro disco solo de
um beatle e o inaugurador do selo
Apple. Gravado em Londres e em
Bombaim, logo após os Beatles
lançarem "Magical Mystery
Tour" (67), "Wonderwall Music",
combina o rock sessentista inglês
com música indiana.
"Electronic Sound" é mais surpreendente, embora inferior. A
idéia de que o discreto guitarrista
dos Beatles tenha sido um pioneiro da música eletrônica é mesmo
estranha apesar de verdadeira.
Harrison já dá a dica de como o
álbum é desafiador na ilustração
da contracapa, onde está escrito
"lute com ele" em inglês. Se você
gosta de escutar "Revolution 9"
repetidamente, vale a pena conhecer esta raridade.
Os outros três CDs de Harrison
que chegam ao Brasil registram o
começo de sua decadência criativa. "Living in the Material World"
(73) é o sucessor de sua obra-prima, "All Things Must Pass" (70).
Contendo o hit "Give me Love
(Give me Peace on Earth)" -que
Marisa Monte regravou-, o álbum traz George tocando todas as
guitarras, o que não acontecia em
"All Things".
A faixa "Sue me, Sue you Blues"
reclama da acusação de que "My
Sweet Lord", o maior hit solo do
músico, seria plágio de "He&'s So
Fine", canção do The Chiffons.
Fase difícil
O álbum que o sucede, "Dark
Horse" (74), é também envolto
em problemas. Gravado às pressas para a primeira turnê do guitarrista desde que os Beatles haviam parado de excursionar, em
66, o disco traz Harrison rouco,
convalescendo de uma laringite.
Como se isso não bastasse, Patti,
sua mulher, tinha pulado a cerca
com Eric Clapton. Ciente da situação, Harrison adicionou este verso a "Bye Bye Love", sucesso dos
Everly Brothers: "Lá vai nossa
mulher/ com "você sabe quem'/
espero que ela esteja feliz/ e o velho "Clapper" também...".
Em "Extra Texture Read All
about It" (75), Harrison recupera
o bom humor e sua carreira parece voltar aos eixos. Mas, apesar do
sucesso "You" e de uma de suas
mais belas baladas, "The Answer's at the End", suas músicas
passam longe de seus melhores
momentos nos Beatles e no início
de sua carreira solo.
Ringo Starr é um dos sujeitos
mais sortudos do mundo. Entrou
nos Beatles (e para a história) assim que o grupo conseguiu um
contrato de gravação. Como compositor, assinou sozinho apenas
duas músicas nos discos do grupo
e suas mais famosas interpretações são de músicas da dupla Lennon/McCartney.
Após o fim da banda, seguiu tocando nos álbuns de seus três ex-companheiros, que não se esqueceram de lhe fornecer músicas e
de participar de seus discos.
"Goodnight Vienna" (74), seu
quarto disco solo, é uma amostra
de que, "com uma ajudinha dos
amigos", Starr podia, sim, brilhar.
Gravado na cola do sucesso
"Ringo" (73) -que reuniu os
quatro beatles num mesmo disco,
embora em faixas diferentes-, o
álbum traz convidados de peso,
como John Lennon, Elton John,
Robbie Robertson e Dr. John,
além de Harrison e McCartney
nas faixas-bônus.
Neste, que é o seu segundo melhor disco, o bonachão Ringo faz
o que melhor sabe fazer: festa.
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