São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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FILMES

DOCUMENTÁRIO

Filme convida a ver o avesso da rica cidade

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A câmera passeia pelo comércio requintado de São Paulo. A voz sobreposta às imagens informa que a cidade é a terceira do mundo em número de vendas de automóveis Ferrari.
Após essa breve introdução na opulência, o documentário "Universo Paralelo" (que a rede SescSenac exibe hoje) segue para o Capão Redondo. O cenário da periferia da capital paulista e a rotina de quem vive nela são os aspectos com os quais o filme convida o espectador a se familiarizar, olhando-os pelo ponto de vista de um conhecedor.
É o rapper Cobra, integrante do grupo Conexão do Morro e co-autor deste "Universo Paralelo", com Maurício e Teresa Eça, quem serve de mestre-de-cerimônias.
Em diversos momentos, o filme opta por um tom cru, impiedoso. Por exemplo quando, num bate-papo, Cobra e o amigo Jeffinho enumeram assassinatos ocorridos na região e descrevem a visão dos cadáveres de pessoas com quem conviviam.
Com sua aparente dessensibilização à brutalidade, "Universo Paralelo" parece arriscar uma tradução na linguagem cinematográfica da idéia da banalização do mal como tragédia moral (e coletiva) do nosso tempo. A impressão é reforçada quando Jeffinho volta à cena, tragicamente.
Mas há também instantes de descontração, embora não desacompanhados da sombra da violência. É o caso do relato de Cobra sobre sua estabanada tentativa de entrar no mundo do crime (com um assalto) e a conclusão de que não possuía talento para prosperar na malandragem.
O orgulho da identidade obtida na carreira de rapper é ponto comum entre o co-diretor e outros músicos ouvidos no documentário, todo entremeado por clipes. Num dos clipes, nota-se a presença (muda) do expoente Mano Brown, dos Racionais MCs, cujo "Diário de um Detento" ilustra o currículo de Maurício Eça.


UNIVERSO PARALELO. Quando: hoje (18h), amanhã (14h), dia 23 (18h30) e dia 24 (1h), na rede SescSenac.

Programa de filmes "B"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

No que aparenta ser seu estranho atalho para a autodestruição, o Telecine Classic propõe sessões duplas de faroeste com George Montgomery e Audie Murphy. O primeiro, um caubói pouco significativo. O segundo, o bom rapaz por excelência, sujeito sempre exemplar nas telas e fora delas (antes de astro de cinema foi herói de guerra).
Hoje temos "A Voz do Sangue" (20h40), com Montgomery, e "Onde Impera a Traição" (22h), com Murphy. É um programa duplo só com filmes "B", a rigor. No caso de "Onde Impera a Traição", o filme recebe a assinatura ilustre de Don Siegel, na direção.
Mas ninguém se anime muito: a figura dominante é mesmo Audie. E o pistoleiro do bem que interpreta chama-se Silver Kid. Dá pra levar a sério?

FILMES

Os Três Mosqueteiros
SBT, 14h30.

(The Three Musketeers). EUA, 1993, 105 min. Direção: Stepehn Herek. Com Charlie Sheen, Kiefer Sutherland. D'Artagnan junta-se aos outros três mosqueteiros para proteger o rei Luís 13 das intrigas do cardeal Richelieu. Não é uma das principais versões do livro de Alexandre Dumas, mas é mais que nada.

Tudo por Amor
Globo, 15h40.

(Dying Young). EUA, 1991, 111 min. Direção: Joel Schumacher. Com Julia Roberts, Campbell Scott. Enfermeira vai cuidar de jovem milionário com leucemia. Tentativa de reviver o tipo consagrado por Roberts em "Uma Linda Mulher" (boa samaritana boa de cama).

Alta Pressão
Globo, 22h25.

(Escape under Pressure). EUA, 1999, 105 min. Direção: Jean Pellerin. Com Rob Lowe, Larissa Miller. Caça ao tesouro envolvendo, sobretudo, uma professora ambiciosa e um colecionador inescrupuloso. Pouco a esperar.

Purple Rain
SBT, 1h55.

EUA, 1984, 113 min. Direção: Albert Magnoli. Com Prince, Apollonia Kotero. Os problemas pessoais de um jovem roqueiro, a interferência desses problemas na sua carreira, o descobrimento do amor, o sucesso. Nada foge muito ao figurino neste filme em que Prince é o que importa.

Intercine
Globo, 2h25.

Abre a semana o filme "Darkman -°Vingança sem Rosto" (1990, dirigido por Sam Raimi, com Liam Neeson, Frances McDormand), sobre um cientista que sofre um atentado e, com o rosto desfigurado, vai em busca de vingança.

Benny e Joon - Corações em Conflito
Globo, 3h55.

(Benny & Joon). EUA, 1993, 98 min. Direção: Jeremiah S. Chechik. Com Johnny Depp, Mary Stuart Masterson, Aidan Quinn, Julianne Moore. Garota com sérios problemas emocionais ganha no pôquer Sam, estranho jovem fascinado pelos comediantes do cinema mudo. Um desses projetos estranhos, em que só Johnny Depp tem coragem de embarcar. Aqui, o mais elogiado é sua recriação dos reis da comédia muda, como Buster Keaton e Chaplin. Vale uma espiada (até porque o elenco tem outros nomes a reter).

Duas Ovelhas Negras
SBT, 4h.

(Freebie and the Bean). EUA, 1974, 113 min. Direção: Richard Rush. Com Alan Arkin, James Caan. Aventuras e desventuras cômicas de dois detetives, o mexicano Bean (Arkin) e o americano Freebie (Caan), em comédia levada por realizador que está muito longe da indignidade e teve, ao longo de sua carreira, alguns momentos muito altos. O elenco é de nível. Vale conferir. Só para São Paulo. (IA)

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