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ANÁLISE
Maluf enfrenta a mídia com prepotência
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
A desenvoltura e o destemor com que o candidato
Paulo Maluf enfrenta a mídia podem se voltar contra ele.
Desde que, em meio a sérias
acusações de envio de dinheiro
ilegal para o exterior, o candidato
não só confirmou sua candidatura como passou a uma ofensiva
eleitoral espantosa, seu desempenho nos meios de comunicação se
tornou assunto.
Em entrevistas concedidas a
programas diversos antes do início da campanha, no uso do tempo gratuito de rádio e TV a que
seu partido tem direito e na sua
participação na série de entrevistas que o programa "Roda Viva",
da TV Cultura, vem fazendo com
os candidatos à Prefeitura de São
Paulo, Maluf adotou uma tática
ofensiva que parecia poderosa.
Procurou transformar as acusações que lhe eram feitas em trunfos pessoais. Ostentou a riqueza
com o orgulho de quem teria trabalhado por ela e portanto não
precisaria roubar. Impressionou
a capacidade do candidato de ignorar evidências que se apresentavam contra ele. E a possível força de convencimento eleitoral daí
advinda. Cheio de si, no entanto,
Maluf parece estar provocando o
feitiço contra si mesmo. O excesso
de autoconfiança se traduz em
prepotência.
O candidato invadiu a UTI de
um hospital -lugar onde só pessoas autorizadas, em horários especiais, podem entrar. A transgressão mereceu a devida atenção
da mídia. Só para terminar em
mau agouro no dia seguinte,
quando a morte do paciente visitado recebeu igual destaque.
Reynaldo Azevedo, como bem
salientou Gilberto de Mello Kujawski em "O Estado de São Paulo" do último dia 15, chegou perto
de desarticular o discurso preconceituoso do candidato.
Os próprios movimentos impulsivos do "animal midiático"
em que Maluf se transforma
quando se vê em frente às câmeras ameaçam o sucesso de sua
empreitada eleitoral e judicial. A
superexposição incomoda.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
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