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Los Hermanos mantém segredo sobre novo disco; "pistas" dividem fãs
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na próxima terça-feira, dia 26,
chega às lojas o aguardado quarto
disco do Los Hermanos. Intitulado simplesmente "Los Hermanos
4", o CD já está em pré-venda nos
sites da Saraiva e da Americanas
(que suspendeu as encomendas
no começo desta semana, mas
voltou a disponibilizar o item). A
banda também deve lançar uma
edição limitada (ou "para colecionadores") do disco em vinil.
Muito se especula quanto ao repertório do álbum, mas Marcelo
Camelo, 27, Rodrigo Amarante,
28, Rodrigo Barba, 27, e Bruno
Medina, 26, estão fazendo de tudo
para que nenhuma informação
vaze antes do lançamento. A
preocupação exagerada pode ser
um reflexo do que aconteceu há
dois anos, quando semanas antes
do lançamento de "Ventura" (o
terceiro álbum), todas as suas
músicas caíram na internet. Apesar de não serem as versões finais
(era material gravado no período
de pré-produção, com clima de
ensaio), o vazamento irritou o
grupo. O fato do Los Hermanos
ter entrado para a história da música contemporânea como o primeiro artista brasileiro a ter material inédito compartilhado em
programas de troca de arquivo
(ou, pelo menos, de ter sido o primeiro a ser noticiado na coluna
"Popload", da Ilustrada de
18.abr.2003) não diminui o descontentamento com o amigo que
possibilitou a disseminação dos
áudios.
Desta vez, nem Redações de jornais e de revistas mensais importantes receberam cópia antecipada do trabalho, prática comum no
universo pop. A cinco dias do lançamento, nenhum jornalista do
país ouviu "4".
Usando seu site oficial
(www.loshermanos.com.br), a
banda divulgou apenas o nome
do álbum, a ilustração da capa
(um desenho simples, em quatro
cores: branco, cinza, azul e roxo) e
a ordem das 12 faixas ("Dois Barcos", "Primeiro Andar", "Fez-se
Mar", Paquetá", "Os Pássaros",
"Morena", "O Vento", "Horizonte Distante", "Condicional", "Sapato Novo", "Pois É" e "É de Lágrima"). Dessas, os fãs conhecem
apenas "Pois É", um rock contido
de Marcelo Camelo que chegou a
ser executado em shows deste
ano, e a ensolarada "O Vento", de
Rodrigo Amarante, que além de
já ter aparecido ao vivo, pode ser
escutada nas rádios desde a última sexta-feira. É a primeira vez
que o grupo inicia a divulgação de
um trabalho com uma música escrita e cantada por Amarante.
A reportagem da Folha apurou
que o Wilco foi o grupo que serviu
de referência para a gravação de
"4". Expoente máximo do
country-rock alternativo americano, o Wilco é esperado para edição deste ano do Tim Festival.
A banda foi comedida com os
metais. Pouquíssimas canções ganharam arranjo para sopro. Há
também um clima depressivo na
maioria das faixas, principalmente nas do lado B (a perspectiva do
lançamento em vinil fez o grupo
pensar em lados). Pessoas próximas, que já tiveram algum acesso
ao material, o classificaram de
"triste" e "complicado".
Alexandre Kassin, que produziu
e tocou baixo em "Ventura", voltou a trabalhar com o quarteto carioca. "Esse disco é chocante.
Achei melhor do que o "Ventura".
Não só em termos de produção
mas também de estética e composição", afirma. O produtor, que
também foi o baixista de "Bloco
do Eu Sozinho", segundo álbum
dos Hermanos, entende que "4"
mostra uma enorme evolução.
"Ele é bem diferente do "Ventura"
e do "Bloco". Só isso, para mim, já
é ótimo, pois mantém a banda andando para a frente."
Em "4", Kassin raramente atua
como músico. "Foi melhor, pude
me dedicar mais à produção." Já
Gabriel Bubu, que é músico de
apoio dos Hermanos desde 2001 e
integra o grupo carioca Carne de
Segunda, gravou baixos e guitarras. O cearense Fernando Catatau,
líder do Cidadão Instigado, também foi recrutado para tocar guitarra em uma faixa.
Em fóruns de discussão, o disco
e a faixa de trabalho têm gerado
polêmica. A banda é uma das
campeãs em movimentação no
Orkut. Existem mais de 150 comunidades relacionadas ao grupo
no site de relacionamentos, várias
com mais de mil integrantes.
As opiniões estão divididas. Há
quem não tenha gostado da capa
pelo desenho ser simples ou pobre demais. Mas há quem tenha
achado o trabalho bonito justamente pela simplicidade. O título
suscita opiniões semelhantes.
Mas o que deveria ser motivo de
preocupação para o quarteto são
os comentários surgidos sobre "O
Vento". Vários fãs ficaram desapontados. Foi dito que o grupo estava "se repetindo", que "já havia
feito coisas melhores" e que "faltava um refrão à canção" (que
também pode ser ouvida no site
oficial dos Hermanos).
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