COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA CIDADE DO MÉXICO

Atração do Motomix, o quinteto Art Brut, destaque da nova safra inglesa de bandas boas, pode ser descrito rapidamente assim: um despretensioso agrupamento de moleques punks que tocam muito alto, liderado por um vocalista figurão que mais conta histórias do que canta.
"Ninguém ainda lançou nosso disco no Brasil? Como assim? Agora, que a gente conseguiu o milagre de formar uma banda, vocês precisam ter esse disco", disse Eddie Argos, o citado vocalista figurão, em entrevista à Folha na Cidade do México, no final de maio, horas antes de o Art Brut tocar no Nokia Trends México.
Argos, uma espécie de falador da estirpe de Jonathan Richman (Modern Lovers), Jarvis Cocker (Pulp) e Mark E. Smith (The Fall), não está brincando quando cita o "milagre" de formar uma banda.
A música que abre o CD de estréia e ainda único álbum do grupo, "Bang Bang Rock & Roll", de 2005 e ainda inédito no Brasil, se chama exatamente "Formed a Band".
"Eu tinha um sonho, como todo garoto inglês, de ter uma banda. Mas eu nunca toquei nenhum instrumento e não sei cantar. Não é um milagre eu hoje estar tocando no mundo todo com uma banda?", conta Argos, rindo.
Sobre o nome da banda, Argos argumenta: "A idéia era ter um nome e depois ir mudando. Primeiro Art Brut e, quando aprendêssemos a tocar um pouco melhor, viraria Art Naïf. Ainda estamos na fase Art Brut", conclui.
Art Brut é alta cultura. Na música "Modern Art", Eddie Argos descreve idas à Tate (Inglaterra) e ao Georges Pompidou (Paris) e conta que, quando vai a um museu de arte moderna, dá vontade de sair correndo de lá para fazer um rock.
"Mas quero deixar claro que adoro mesmo arte moderna."
Argos conta/canta várias boas histórias no disco-début do Art Brut: amores frustrados, cultura pop em geral e fatos cotidianos. Uma delas é "My Little Brother", a segunda faixa do CD. Fala do irmão mais novo que nem ligava para música, aí descobriu o rock e...
"Ele ficou confuso. Primeiro doente. Minha mãe teve de levá-lo ao médico por causa de um barulho na cabeça dele. É sério", diz. "Está proibido de usar fones de ouvido." A letra de "My Little Brother" fala que o "irmãozinho" descobriu o rock e perdeu o controle. (LR)


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