São Paulo, terça-feira, 21 de julho de 2009

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Brincando com fogo

Banda inglesa Friendly Fires mistura rock com samba em "Kiss of Life", sua nova canção, e se prepara para se apresentar no Brasil pela primeira vez em agosto

Divulgação
Trio inglês Friendly Fires

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

E não é que ficou boa?
Porque é o tipo de ideia que dá medo. Banda inglesa de rock faz sucesso logo no início de carreira. Para o segundo disco, resolvem "inovar", seguir outros caminhos. Decidem, então, adicionar samba às guitarras.
Assim nasceu "Kiss of Life", nova música do grupo Friendly Fires, que há poucos dias estreou com certo estardalhaço na Radio 1 (www.bbc.co.uk/radio1/), emissora da BBC.
A mistura de guitarra com samba e percussão é perigosa, como nos lembram as incursões "tropicalistas" de David Byrne ou a união Carlinhos Brown + Sepultura.
O Friendly Fires faz com que a iniciativa fuja do simples exotismo, macumba para turista, ao inserir os tambores com desenvoltura e naturalidade à energia roqueira e clima dançante característicos do grupo (no YouTube, há uma versão de "Kiss of Life" com qualidade razoável).
Vocalista do Friendly Fires, Ed Macfarlane falou à Folha sobre como surgiu "Kiss of Life" e a aproximação com o ritmo: "Estávamos entediados com as tradicionais bandas de guitarra que surgem toda hora na Inglaterra. Se apenas repetíssemos o que havíamos feito no primeiro disco, ficaríamos estagnados. Mas tivemos a sorte de encontrar no ano passado o Rhythms of the City, um grupo de percussão de influência brasileira e caribenha".
Coletivo baseado em Londres, o Rhythms of the City ajudou o FF a compor "Kiss of Life" e estará ao lado da banda em alguns shows na Europa.
""Kiss of Life" é mais ou menos uma progressão em relação a "Jump in the Pool" [faixa do primeiro álbum da banda]. Não conhecíamos muita coisa sobre samba. Tivemos sorte de encontrar esse grupo. "Kiss of Life" é fresca, diferente. Foi empolgante para nós."

Nós sempre teremos Paris
Um belo teste para "Kiss of Life", que puxará o segundo disco do Friendly Fires, previsto para sair no início de 2010, será os dois shows que o grupo fará no Brasil: em 15 de agosto, no Circo Voador, no Rio, e em 17 de agosto, no Studio SP, em São Paulo (leia mais informações no texto ao lado). Após participar de praticamente todos os festivais importantes do planeta e de excursionar do Japão ao México, serão as primeiras apresentações do FF no Brasil.
Aqui, além de "Kiss of Life" e de uma ou outra faixa nova, a banda deve focar as músicas no disco de estreia, homônimo, lançado em 2008. Disco que trazia faixas exemplares de rock dançante, como "On Board", "White Diamonds" e o hino "Paris".
"One day/ We're gonna live/ In Paris/ I promisse", canta Macfarlane no início da faixa.
Por que ele idealiza Paris?
"Na verdade não vejo essa canção como algo relacionado à cidade apenas", ele conta. "É sobre olhar o futuro de uma maneira positiva. É uma letra "para cima". Não acho Paris tão maravilhosa, mas gosto de sua vida cultural. É uma metrópole vibrante e acolhedora."

Dance
Das milhares de bandas que investem na mistura do rock com a dance music, o Friendly Fires é das mais competentes.
Suas faixas invadem as pistas e ganharam remixes perfeitos -como o de "Paris", feito pela dupla belga Aeroplane. Nos shows, o FF costumava, até pouco tempo atrás, tocar uma versão roqueira de "Your Love", música de Jamie Principle que ajudou a impulsionar a house music em 1985.
"Começamos tocando em clubes de house. Então o que fazemos é algo natural, crescemos com isso", lembra o vocalista. "Mas hoje nos sentimos mais confortáveis nos apresentando em palcos um pouco maiores, de shows mesmo."
Macfarlane diz que gosta quando comparam o FF a grupos de disco-punk como Rapture e LCD Soundsystem: "As pessoas querem dançar. As bandas indies tradicionais são chatas, entediantes. Queremos que o público se envolva nos shows".


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