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Ecletismo marca noite final
do enviado a Perugia
A noite do selo Verve, que encerrou o 25º Umbria Jazz, foi tão eclética quanto o próprio festival italiano: combinou o gospel de Mavis
Staples e Lucky Peterson com a
MPB de Badi Assad e o jazz do Nicholas Payton Quintet.
Como vêm fazendo em outros
festivais, a cantora Mavis Staples e
o organista Lucky Peterson transformaram o belo teatro Morlacchi
em uma igreja batista.
Mais do que um tributo à cantora Mahalia Jackson, o concerto da
dupla é uma celebração à música
religiosa negra.
Cantando clássicos do gênero,
como "Precious Lord" e "He's
Got the Whole World in His
Hands", a carismática Mavis arrancou lágrimas de muita gente na
platéia com seu vozeirão.
Badi Assad aproveitou a ocasião
para divulgar "Chameleon", seu
CD recém-lançado pela Verve
norte-americana.
Fez a apresentação mais controversa da noite: quase um terço da
platéia retirou-se da sala antes da
metade de seu show; os que ficaram pediram bis.
Essa polarização de reações é
compreensível. Badi não canta ou
toca de maneira tradicional. Usa
instrumentos de percussão e inúmeros efeitos vocais, além de percutir o violão e o próprio corpo.
O problema, talvez, esteja na artificialidade de certas interpretações, como a de "Ponta de
Areia": em vários momentos, Badi parece ter orgasmos múltiplos
no palco.
Mas, quando deixa de lado o exibicionismo vazio, como na canção
"Nua", Badi Assad prova que seu
talento pode ser mais bem explorado.
Quem viu Nicholas Payton no
Free Jazz de 96 certamente notaria
o amadurecimento musical do jovem trompetista de Nova Orleans.
Tocando o clássico "Wild Man
Blues", arrancou gritos da platéia,
ao misturar fraseado moderno
com sonoridade à Louis Armstrong.
Um belo show final para um festival que provou estar entre os melhores do gênero.
(CC)
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