São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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Ecletismo marca noite final

do enviado a Perugia

A noite do selo Verve, que encerrou o 25º Umbria Jazz, foi tão eclética quanto o próprio festival italiano: combinou o gospel de Mavis Staples e Lucky Peterson com a MPB de Badi Assad e o jazz do Nicholas Payton Quintet.
Como vêm fazendo em outros festivais, a cantora Mavis Staples e o organista Lucky Peterson transformaram o belo teatro Morlacchi em uma igreja batista.
Mais do que um tributo à cantora Mahalia Jackson, o concerto da dupla é uma celebração à música religiosa negra.
Cantando clássicos do gênero, como "Precious Lord" e "He's Got the Whole World in His Hands", a carismática Mavis arrancou lágrimas de muita gente na platéia com seu vozeirão.
Badi Assad aproveitou a ocasião para divulgar "Chameleon", seu CD recém-lançado pela Verve norte-americana.
Fez a apresentação mais controversa da noite: quase um terço da platéia retirou-se da sala antes da metade de seu show; os que ficaram pediram bis.
Essa polarização de reações é compreensível. Badi não canta ou toca de maneira tradicional. Usa instrumentos de percussão e inúmeros efeitos vocais, além de percutir o violão e o próprio corpo.
O problema, talvez, esteja na artificialidade de certas interpretações, como a de "Ponta de Areia": em vários momentos, Badi parece ter orgasmos múltiplos no palco.
Mas, quando deixa de lado o exibicionismo vazio, como na canção "Nua", Badi Assad prova que seu talento pode ser mais bem explorado.
Quem viu Nicholas Payton no Free Jazz de 96 certamente notaria o amadurecimento musical do jovem trompetista de Nova Orleans.
Tocando o clássico "Wild Man Blues", arrancou gritos da platéia, ao misturar fraseado moderno com sonoridade à Louis Armstrong.
Um belo show final para um festival que provou estar entre os melhores do gênero. (CC)


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