São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2001

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LITERATURA

Seminário na Universidade de São Paulo, em outubro, soma-se às celebrações do centenário da poeta (1901-64)

Mostra e livro seguem trilhas de Cecília

FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo sem adotar uma trilha comum, duas iniciativas comemoram o centenário da poeta Cecília Meireles (1901-1964) seguindo o rastro de uma faceta pouco conhecida da poeta: a de viajante.
A primeira delas tem partida hoje, no Rio de Janeiro. A exposição "Cecília Meireles: Poeta Viajante" recupera as várias viagens que a escritora fez, durante 30 anos, entre 1934 e sua morte.
"As pessoas conhecem a Cecília Meireles poeta, apenas. Mas ela foi correspondente de vários jornais, inclusive da Folha", diz Sergio Laks, coordenador-geral da exposição idealizada pela Academia Brasileira de Letras.
A ambientação da mostra se inspira no navio Cuyabá, que, em 34, levou a poeta a Portugal, em sua primeira grande viagem.
Um círculo reproduz o deque do navio, no qual se encontram desenhos do artista plástico Fernando Correia Dias, marido da poeta e companheiro de bordo.
Além dos traços de Correia Dias, estão no "navio" as crônicas escritas durante a travessia do Atlântico e publicadas no jornal "A Nação" e poemas selecionados pelo acadêmico Ivan Junqueira, um especialista na obra da poeta. Por uma escotilha, vê-se a foto desta página, em que ela aparece no convés do Cuyabá.
Do lado de fora do círculo, um painel recupera, numa espécie de linha do tempo, as outras viagens da escritora, que tiveram tanto destinos "exóticos" -Israel, Índia e Paquistão são alguns- como rotas do Brasil e da Europa.
No painel, os meios de transporte vêm assinalados e acompanhados de textos em que ela comenta seus deslocamentos em trem, carro, avião e navio.
Uma "autobiografia" (composta de trechos em que conta fatos de sua vida), além de outras fotos, cartas e postais às filhas, cedidos pela família, somam-se a crônicas de viagem, publicadas este ano pela editora Nova Fronteira, para completar a exposição.

Livro e seminário em SP
Já Leila Gouvêa, que estuda na Universidade de São Paulo a obra da poeta, concentrou-se em sua relação com Portugal.
Foi após a primeira ida à terra de suas raízes (ela era de família açoriana) que publicou "Viagem", livro de 39 que ampliou o reconhecimento de sua obra.
O ponto de partida para estudar as duas mãos da relação -Gouvêa comenta a influência da terra de Camões em Cecília e a sua sobre os lusitanos- é também a viagem iniciada no Cuyabá.
O livro -escrito após uma bolsa de investigação que permitiu que seguisse os passos da poeta- não é, porém, a única homenagem ao centenário capitaneada por Gouvêa. Ela é uma das responsáveis por um seminário internacional, em outubro, na USP, no qual se debaterá a obra da escritora.


CECÍLIA MEIRELES: POETA VIAJANTE - Mostra de fotos, escritos e documentos sobre as viagens da poeta. Coordenação-geral: Sergio Laks. Hoje, às 17h30, palestra de Lygia Fagundes Telles ("Cecília Meireles da Minha Juventude"); às 18h30, abertura da mostra. Dia 24, às 17h30, recital de piano "Poesia É Música" (grátis; reserva obrigatória, por tel.). Onde: galeria Manuel Bandeira da ABL (av. Pres. Wilson, 231, Rio, tel. 0/xx/21/ 2524-8230). Quando: de seg. a sex., das 13h às 18h, até 5/10. Quanto: grátis.


CECÍLIA EM PORTUGAL - De: Leila V. B. Gouvêa. Editora: Iluminuras (tel. 0/xx/ 11/3068-9433, www.iluminuras.com.br). 128 págs. R$ 25. Lançamento: 30/8, das 18h30 às 21h30, na livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, Pinheiros, tel. 0/xx/11/ 3813-2191).




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