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LITERATURA
Seminário na Universidade de São Paulo, em outubro, soma-se às celebrações do centenário da poeta (1901-64)
Mostra e livro seguem trilhas de Cecília
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo sem adotar uma trilha
comum, duas iniciativas comemoram o centenário da poeta Cecília Meireles (1901-1964) seguindo o rastro de uma faceta pouco
conhecida da poeta: a de viajante.
A primeira delas tem partida
hoje, no Rio de Janeiro. A exposição "Cecília Meireles: Poeta Viajante" recupera as várias viagens
que a escritora fez, durante 30
anos, entre 1934 e sua morte.
"As pessoas conhecem a Cecília
Meireles poeta, apenas. Mas ela
foi correspondente de vários jornais, inclusive da Folha", diz Sergio Laks, coordenador-geral da
exposição idealizada pela Academia Brasileira de Letras.
A ambientação da mostra se
inspira no navio Cuyabá, que, em
34, levou a poeta a Portugal, em
sua primeira grande viagem.
Um círculo reproduz o deque
do navio, no qual se encontram
desenhos do artista plástico Fernando Correia Dias, marido da
poeta e companheiro de bordo.
Além dos traços de Correia
Dias, estão no "navio" as crônicas
escritas durante a travessia do
Atlântico e publicadas no jornal
"A Nação" e poemas selecionados
pelo acadêmico Ivan Junqueira,
um especialista na obra da poeta.
Por uma escotilha, vê-se a foto
desta página, em que ela aparece
no convés do Cuyabá.
Do lado de fora do círculo, um
painel recupera, numa espécie de
linha do tempo, as outras viagens
da escritora, que tiveram tanto
destinos "exóticos" -Israel, Índia e Paquistão são alguns- como rotas do Brasil e da Europa.
No painel, os meios de transporte vêm assinalados e acompanhados de textos em que ela comenta seus deslocamentos em
trem, carro, avião e navio.
Uma "autobiografia" (composta de trechos em que conta fatos
de sua vida), além de outras fotos,
cartas e postais às filhas, cedidos
pela família, somam-se a crônicas
de viagem, publicadas este ano
pela editora Nova Fronteira, para
completar a exposição.
Livro e seminário em SP
Já Leila Gouvêa, que estuda na
Universidade de São Paulo a obra
da poeta, concentrou-se em sua
relação com Portugal.
Foi após a primeira ida à terra
de suas raízes (ela era de família
açoriana) que publicou "Viagem", livro de 39 que ampliou o
reconhecimento de sua obra.
O ponto de partida para estudar
as duas mãos da relação -Gouvêa comenta a influência da terra
de Camões em Cecília e a sua sobre os lusitanos- é também a
viagem iniciada no Cuyabá.
O livro -escrito após uma bolsa de investigação que permitiu
que seguisse os passos da poeta-
não é, porém, a única homenagem ao centenário capitaneada
por Gouvêa. Ela é uma das responsáveis por um seminário internacional, em outubro, na USP,
no qual se debaterá a obra da escritora.
CECÍLIA MEIRELES: POETA VIAJANTE
- Mostra de fotos, escritos e documentos sobre as viagens da poeta. Coordenação-geral: Sergio Laks. Hoje, às 17h30,
palestra de Lygia Fagundes Telles
("Cecília Meireles da Minha Juventude");
às 18h30, abertura da mostra. Dia 24, às
17h30, recital de piano "Poesia É Música"
(grátis; reserva obrigatória, por tel.).
Onde: galeria Manuel Bandeira da ABL
(av. Pres. Wilson, 231, Rio, tel. 0/xx/21/
2524-8230). Quando: de seg. a sex., das
13h às 18h, até 5/10. Quanto: grátis.
CECÍLIA EM PORTUGAL - De: Leila V. B. Gouvêa. Editora: Iluminuras (tel. 0/xx/
11/3068-9433, www.iluminuras.com.br). 128 págs. R$ 25. Lançamento: 30/8,
das 18h30 às 21h30, na livraria da Vila (r.
Fradique Coutinho, 915, Pinheiros, tel.
0/xx/11/ 3813-2191).
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