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Crítica/"A Onda"
Diretor examina a sedução pelo nazismo
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
E m seu longa anterior,
"NaPolA" (2004), o diretor e roteirista alemão Dennis Gansel examina o
mecanismo de sedução que leva um jovem boxeador a ingressar na academia de formação da
elite nazista, em 1942, e a perder a inocência em relação às
práticas do 3º Reich.
Seria possível, àquela altura,
que fosse mesmo inocente?
Pergunta semelhante ecoa em
"A Onda", que adapta episódio
verídico ocorrido nos EUA, em
1967, para a Alemanha atual:
um professor de ensino médio
seria ingênuo a ponto de promover um "laboratório de nazismo" com seus alunos?
Gansel considera a hipótese
plausível e, a partir desse ponto
de partida altamente duvidoso,
encena de forma naturalista
uma fábula macabra. Na pele de
messias fascista, um mestre
persuasivo e bem intencionado
(Jürgen Vogel), de alma anarquista, conduz dezenas de jovens a uma experiência-limite.
Erguido sobre esse tablado
frágil que parece desprezar as
condições de trabalho entre os
muros de uma escola alemã
contemporânea, "A Onda" pede ao espectador a suspensão
da descrença para que sua trama consiga encarar um tabu
que ainda ronda o ensino de
história na Alemanha.
Não por acaso, são mencionadas, no esforço de contextualização para a atualidade, as
bandeiras alemãs nas janelas
do país durante a Copa de 2006
-manifestação de nacionalismo que assustou muita gente.
De um modo talvez enviesado, o próprio filme, ao desviar o
foco da cena política e atribuir
ao perfil psicológico dos personagens a adesão à causa fascista, ajuda a entender melhor a
dificuldade de lidar frontalmente com o temor de ressurreição da barbárie.
A ONDA
Direção: Dennis Gansel
Produção: Alemanha, 2008
Com: Jürgen Vogel, Christiane Paul
Onde: Cine UOL Lumière, Espaço Unibanco Pompeia e circuito
Classificação: 12 anos
Avaliação: bom
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