São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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"Morangos Silvestres" expõe gênio de Bergman

Filme do sueco é o próximo volume da Coleção Folha de Cine Europeu

Rodado em 1957, filme sintetiza questões que marcaram outros trabalhos do diretor, morto em 2007


DE SÃO PAULO

De uma filmografia com mais de 60 direções, quase todas obras-primas, a Coleção Folha Cinema Europeu escolheu a dedo o filme para representar o sueco Ingmar Bergman (1918-2007).
No próximo domingo, coloca nas bancas "Morangos Silvestres", com fascículo que explica a obra do cineasta.
Rodado em 1957, mesmo ano do clássico "O Sétimo Selo", o longa condensa algumas questões que já estavam em seus primeiros trabalhos, como "Monica e o Desejo" (1953), e estariam até no último, "Sarabanda" (2003).
"Morangos Silvestres" acompanha Isak (Victor Sjöström), um professor que, em viagem à interiorana Lund, onde receberá uma homenagem, relembra sua vida.
Os desejos não realizados, a culpa, a morte, a paixão tresloucada, esses dados comuns a todos os que vivem são ora remoídos, ora assimilados por um atormentado Isak, durante viagem na qual ele encontra pessoas e lugares que ativam lembranças.
No final, de um otimismo raro ao fatalismo bergmaniano, o personagem fará as pazes com seus fantasmas, ou seja, encontrará um certo sentido em sua existência.
É notável como Bergman traz à tela questões existenciais tão abstratas.
Sua formação teatral, a inclinação ao fatalismo do teatro de Ibsen e o trauma da severa educação luterana que marcou sua infância (e está em "Fanny & Alexander", de 1982) conseguiram vazão no canal de um cinema único, que alia as teatrais atenções à voz e ao rosto do ator e reproduz estados de espíritos na via dos efeitos cinéticos.
Foi uma obra que influenciou vários cineastas -Woody Allen entre eles. E uma obra que também foi influenciada. A escolha de Sjöström para "Morangos Silvestres" foi uma homenagem a este que também foi diretor entre os anos 1910 e 1930 e autor de uma obra extraordinária cujo estilo influenciou Bergman.


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