São Paulo, sexta, 21 de agosto de 1998

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DEBATE
Encontro acontece até amanhã em Florianópolis
Congresso discute literatura e cultura em Santa Catarina

ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Florianópolis

Mais de mil professores, escritores e estudiosos de literatura estão reunidos em Florianópolis no 6º Congresso Internacional da Abralic (Associação Brasileira de Literatura Comparada), cujo tema é "Literatura Comparada = Estudos Culturais?".
Debatedores de Brasil, EUA, Europa e América Latina discutem, desde ontem, as contribuições dos estudos da cultura e os novos parâmetros para análise e produção da literatura comparada.
A cerimônia de abertura ocorreu na noite de anteontem no Centro Integrado de Cultura. Os trabalhos começaram ontem pela manhã e terminam amanhã.
Serão dezenas de debates e atividades simultâneas no campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Cerca de 770 trabalhos estarão sendo apresentados nos três dias de congresso, em que serão lançadas pelo menos 15 publicações -entre livros e revistas- e 32 mesas debatedoras discutirão temas ligados ligados à proposta do congresso.

Abertura
Na abertura, a escritora Marjorie Perloff, da Universidade de Stanford (EUA), deu a conferência "Dada sem Duchamp, Duchamp sem Dada: Vanguarda, Tradição e o Talento Individual".
Depois, os professores Roberto Schwarcz, da Unicamp, Beatriz Sarlo, da Universidade de Buenos Aires, e John Kraniauskas, da Universidade de Londres, debateram "Literatura e Valor".
"O eixo principal das discussões será analisar se os paradigmas universalistas da tradição européia do comparatismo podem ser revisados ou reciclados a partir do paradigma emergente dos estudos da cultura", disse o presidente da Abralic, Raúl Antelo.
Com o tema, a Abralic procura discutir as tendências norte-americanas de produção da literatura comparada, que vêm influenciando os trabalhos na América Latina.
Os chamados novos paradigmas procuram enfoques alternativos sobre o contextual e o textual, o local e o global e questionam a possibilidade ou a ambição da literatura comparada de enunciar pressupostos universais.
"A tradição européia parte da noção do universalismo regulado pela razão. As novas tendências buscam a questão da diferença, as posições do sujeito, processos de legitimação de enunciações locais, daí a importância dos estudos da cultura e as contribuições da antropologia, sociologia e história", disse Antelo.

Integrantes
O congresso reúne ainda críticos de literatura, historiadores, filósofos e cientistas sociais. Em debate, estarão temas como os limiares do comparatismo, imagem do intelectual na cultura latino-americana, tradução de textos, teoria literária e teoria da cultura.
No final da tarde de amanhã, uma das mesas terá como tema Walter Benjamin, um dos principais teóricos da chamada indústria cultural.
No sábado, não haverá trabalhos acadêmicos, mas acontecerá a eleição para a nova diretoria da Abralic, para os próximos dois anos.



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