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Trama cativa com o amor
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Novela para as mulheres é
como o futebol para os homens: tem direito a discussão sobre os lances e torcida.
Elas não conseguem ligar a televisão e acompanhar a trama da
mesma forma que se lê um livro,
aceitando pacificamente o final
decidido pelo autor.
Quem leu "Madame Bovary",
romance de Gustave Flaubert, jamais discutiu se o final do livro estava certo ou errado, mas nas novelas os telespectadores têm suas
simpatias, seus ódios, seus códigos, torcem para que as vilãs sejam castigadas, e as heroínas, recompensadas, querendo que no
final a justiça impere -apesar de
na vida não ser exatamente assim
o que acontece.
Confesso que vi apenas alguns
capítulos de "Mulheres Apaixonadas" -tinha mulher demais
para a minha cabeça-, mas tomei conhecimento da trama para
escrever este texto.
O tempo em que as pessoas fingiam que não assistiam às novelas
acabou há séculos, mas mesmo
assim fiquei surpresa de ver tanta
gente famosa e, teoricamente,
muito ocupada -atrizes, apresentadoras de televisão, cantoras
que além de gravar ainda têm
tempo de posar para fotos sensuais-, todas ligadonas nas tramas do "feuilleton".
Nós, simples mortais, pensávamos que elas tivessem uma vida
trepidante de festas, baladas, viagens e entrevistas e que novela
fosse coisa de dona-de-casa. Ledo
engano.
Elas não perdem nenhum capítulo da trama de Manoel Carlos,
sabem os nomes de seus personagens e discutem a vida amorosa
de todos eles como se se tratassem
de pessoas íntimas.
Aliás, é fácil de entender: o tema
principal de "Mulheres Apaixonadas" é o amor, e o amor, por
mais que algumas tentem negar,
costuma ser a razão de viver das
mulheres.
Elas estão sempre esperando
pelo "happy end", com direito a
príncipe encantado e tudo, e torcem para que na novela isso aconteça, pois seria uma luz no final do
túnel de suas vidas. Um final feliz,
na telinha ou na telona, é sempre
uma esperança para um coração
solitário.
Do que captei -e olha que
prestei muita atenção nos personagens-, para mim os únicos
que devem ficar juntos (olha eu
aqui, também dando palpite) são
Raquel (Helena Ranaldi) e o marido, Marcos (Dan Stulbach). Um
sádico e uma masoquista, ele gosta de bater, e ela, de apanhar (ou
teria tomado alguma providência
há muito tempo).
Existe casal mais perfeito? Esses
têm todas as chances de serem felizes para sempre.
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