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"Cinema, Aspirinas e Urubus" disputa vaga em Oscar
Filme foi escolhido por especialistas convidados
pelo Minc para representar o Brasil na premiação
Longa teve concorrentes de
peso como "Zuzu Angel';
agora, país submete
candidatura à Academia
de Hollywood
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Cinema, Aspirinas e Urubus", primeiro longa-metragem do cineasta pernambucano Marcelo Gomes, 43, foi escolhido ontem para representar o Brasil na corrida pelo Oscar 2007 de filme estrangeiro.
A decisão foi tomada por uma
comissão de sete especialistas
em cinema, convidados pelo
MinC (Ministério da Cultura).
O Brasil submeterá agora a
candidatura à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que deve
anunciar os cinco concorrentes
à estatueta no dia 23 de janeiro.
Para Gomes, a campanha pela indicação, em que disputará
espaço com candidatos como
"Volver", de Pedro Almodóvar,
indicado pela Espanha, "será
um segundo momento".
Agora, o cineasta só pensa em
voltar com ao cartaz com "Cinema, Aspirinas e Urubus" na
salas brasileiras. "Este filme foi
feito para o público brasileiro",
afirma. "Minha dor é que ele
não tenha sido visto por mais
gente", completa a produtora
Sara Silveira, que levou sete
anos para reunir os R$ 2,1 milhões de seu orçamento.
"Cinema, Aspirinas e Urubus" arrebatou 41 prêmios em
festivais nacionais e internacionais, a começar por uma distinção em Cannes. No entanto,
foi visto por apenas 120 mil
pessoas no Brasil -o escolhido
para representar o país no Oscar 2005, "2 Filhos de Francisco" (que acabou não ficando
entre os cinco concorrentes de
filme estrangeiro), teve público
de 5,3 milhões.
"Cannes não bastou [para
atrair mais público no Brasil].
Vamos ver se agora [a indicação
brasileira para] o Oscar basta",
afirma Silveira. "Acho que está
funcionando. Nunca dei tantas
entrevistas como hoje [ontem]", observou Gomes.
Ambientado em 1942, no sertão brasileiro, o longa narra o
encontro do retirante da seca
Ranulpho (João Miguel) com o
alemão Johann (Peter Ketnath) que escapa da guerra tornando-se comerciante de aspirinas. Para promover o produto, ele exibe filmes ao ar livre.
O secretário do Audiovisual,
Orlando Senna, julgou a escolha acertada "como poucas vezes tivemos nos nossos indicados para esse prêmio". Senna
avalia que "Cinema, Aspirinas e
Urubus", ao mesmo tempo,
"dialoga de maneira inteligente
com o cinema brasileiro, com
"Vidas Secas" [Nelson Pereira
dos Santos, 1963], por exemplo,
e tem uma leitura acessível para platéias estrangeiras".
Na seleção do indicado brasileiro ao Oscar, concorreu com
13 longas, incluindo produções
de cineastas veteranos distribuídas pelas filiais de grandes
estúdios americanos -"O
Maior Amor do Mundo", de Cacá Diegues (Columbia) e "Zuzu
Angel", de Sérgio Rezende
(Warner). O distribuidor de
"Cinema, Aspirins and Vultures" (título em inglês do filme)
nos EUA é a entidade Global
Film Initiative, que apoiou a finalização do título e lançou-o
no MoMA, em Nova York, e em
outras salas do circuito artístico em cidades norte-americanas.
O Ministério da Cultura estuda a concessão de um apoio
financeiro para a campanha pela indicação do filme ao Oscar.
Gomes trabalha atualmente
na conclusão do documentário
"Carrancas de Acrílico Azul
Piscina", que co-dirige com Karim Aïnouz ("Madame Satã") e
prepara um novo filme de ficção, "desta vez contemporânea,
uma história de 2006", conta.
O Brasil já teve quatro indicações ao Oscar de filme estrangeiro, desde "O Pagador de
Promessas" (1963) mas jamais
venceu. A Academia de Hollywood modificou neste ano o
processo de seleção da categoria, que era alvo de críticas por
um suposto conservadorismo.
As alterações atingem sobretudo a formação dos comitês que
definem os finalistas.
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