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De volta ao samba-rock
Seu Jorge finaliza CD independente, faz turnê inédita e diz não saber quem é o seu público depois da parceria com a cantora Ana Carolina
CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL
Seu Jorge já fez um CD de exportação, "Cru" (2004), traduziu músicas consagradas do inglês David Bowie e, há dois anos, se aventurou em uma
parceria inusitada com a cantora Ana Carolina. Agora, ele volta às origens com o independente "América Brasil", samba-rock talvez ainda mais samba-rock do que seu primeiro solo,
"Samba Esporte Fino" (2001).
O cantor apresenta as 11 músicas do novo CD em shows hoje e amanhã no Via Funchal, em
São Paulo. E promete outras 11,
em espetáculo generoso, com
toque teatral -o músico, lançado para a fama em "Cidade de
Deus", é também ator.
Na turnê, inédita em sua carreira e idealizada e organizada
por ele, Seu Jorge percorrerá o
Brasil de Sul a Norte -de ônibus- para apresentar o trabalho, feito por selo próprio (o Javali Valente), e que só será lançado oficialmente (pela EMI)
quando a viagem acabar.
O cantor começou a série de
shows em Porto Alegre, no último dia 13, passou por Florianópolis e seguirá para outras seis
cidades (além de SP), concluindo a turnê em Belém, no dia 27
de outubro. O curioso é que Seu
Jorge vai pular o Rio, sua cidade natal -por não ter encontrado o "local ideal" por lá.
Radicado em São Paulo, onde
mora com as duas filhas e a mulher, Mariana, o cantor conversou com a Folha antes do início
da turnê, na semana passada.
Ele recebe a reportagem em
sua casa, numa rua calma do
bairro de Pinheiros, tocando
flauta. A garagem, transformada num charmoso lounge, cheira a incenso. Oferece bebida,
mostra com orgulho a pequena
geladeira que cospe latas, pega
um refrigerante e cigarros.
Relaxa e entrevista
"Sei como funcionam essas
coisas. Daqui a pouco você relaxa", diz, gaiato, como se a pressão da entrevista nunca estivesse sobre o entrevistado.
Durante duas horas, Seu Jorge fala sobre o novo CD, a ligação com o "Cansei", a decisão
de fazer uma música para a cachaça Sagatiba e as críticas que
recebeu por ter gravado com
Ana Carolina.
Ele afirma não saber que tipo
de platéia irá encontrar pelo
país. "Eu não sei mais quem é
meu público depois da Ana Carolina, porque chegou muita
gente nova. E eu não sei quem
são essas pessoas. Eu não faço
TV, não tenho muito jeito, não
toco muito no rádio... o meu
trabalho mesmo não toca", diz,
exibindo sua modéstia.
Mas "É Isso Aí", hit da parceria, tocou nas rádios até cansar.
"A Ana Carolina que tocou!",
esquiva-se. Vista por parte do
público de Seu Jorge como um
fenômeno brega, a cantora insistiu para que o trabalho acontecesse e foi ele, segundo diz,
quem ficou com medo de "comprometer" a imagem dela.
"Eu tinha um medo. Eu não
queria no começo, e depois vi
ela acreditando bastante, "pô,
cara, vai ser legal, vambora, não
é normal", e falei "tá bom, tá
acreditando...". Eu tinha medo
de comprometer a história, por
ser essa coisa, toco do meu jeito, sem muita arrumação, um
desenho mais apurado. Ela é
mais apurada, mais "clean"."
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