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Análise
Peter, Paul e Mary, o melhor da música folclore
Mary Travers, morta no último dia 16, enriquecia as vozes de Peter e Paul
EDUARDO MATARAZZO SUPLICY
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao estudar na Michigan State
University, em 1966-68, nos
EUA, e outra vez, em 1970-73,
15 meses na Universidade Stanford, tive a oportunidade de assistir no campus, mais de uma
vez, ao conjunto de música folclore de que mais gostava, Peter, Paul and Mary.
De todas as interpretações de
"Blowin" in the Wind", uma das
mais belas canções de Bob
Dylan, considero as mais bonitas aquelas de Peter, Paul and
Mary, assim como a de Joan
Baez. Eles cantaram essa música justamente na Grande Marcha de Washington, D.C., em 28
de agosto de 1963, quando Martin Luther King Jr. pronunciou
uma das mais belas orações da
história, "I have a dream" (Eu
tenho um sonho), em defesa
dos direitos civis e dos direitos
iguais de votação.
É fácil ver pela internet, ao
acessar o YouTube, a gravação
de "Blowin" in the Wind", cantada por Bob Dylan, The Freedom Brothers, Joan Baez e Peter, Paul and Mary, no Newport
Folk Festival, ocorrido em 26
de julho de 1963. Destacam-se,
como que em segunda voz, as
vozes femininas de Joan Baez e
Mary Travers, que faleceu no
último dia 16, aos 72 anos, vítima de leucemia.
Nos anos 60 e 70, eu tinha os
discos de Peter, Paul and Mary,
assim como os dos Beatles, os
de Joan Baez, os de James Taylor, os de Cat Stevens e os de
tantos cantores brasileiros.
Meus três filhos, Eduardo, o
Supla, André e João -o mais
velho e o mais moço se tornaram músicos-, certamente foram influenciados musicalmente por terem ouvido bastante essas canções em casa e no automóvel.
Canções de protesto
Mary Travers enriquecia
muito as vozes de Peter e Paul,
com um tom feminino de enorme graça. Eis porque a gravação
que fizeram de "Blowin" in the
Wind" teve ainda maior sucesso e vendagem do que a própria
de seu autor, Bob Dylan.
"Blowin" in the Wind" foi a
mais cantada nas grandes
manifestações de protesto contra as guerras do Vietnã e, depois, do Iraque.
Mas foram muitas as canções
que Peter, Paul e Mary cantavam e faziam vibrar as plateias
de estudantes em todos os campos universitários da época,
quase todas relacionadas a como se deveria alcançar a justiça
e propiciar o sentido de solidariedade humana nas sociedades para se alcançar a paz: "If I
Had a Hammer" (Se eu tivesse
um martelo), "500 Miles" (500
milhas), "The Times They Are
A-changing" (Os tempos, eles
estão mudando), "Leaving on a
Jet Plane" (Partindo num avião
a jato), "Lemmon Tree" (Limoeiro) e "Puff, the Magic Dragon" (Puff, o dragão mágico).
"If I Had a Hammer", de Trini Lopez, por exemplo, nos dizia muito: "Se eu tivesse um
martelo/ Martelaria pela manhã/ Martelaria à noite/ Por
toda essa terra/ Martelaria o
perigo/ Martelaria a preocupação/ Martelaria o amor que
existe entre meus irmãos e minhas irmãs/ Por toda essa terra/ (...)/ É o martelo da justiça/
É o sino da liberdade/ É a canção sobre o amor que existe entre meus irmãos e minhas irmãs/ Por toda essa terra".
Mary Travers agora canta no
céu, em paz.
EDUARDO MATARAZZO SUPLICY , 68, é
senador da República pelo PT-SP
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