São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Análise

Peter, Paul e Mary, o melhor da música folclore

Mary Travers, morta no último dia 16, enriquecia as vozes de Peter e Paul

EDUARDO MATARAZZO SUPLICY
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ao estudar na Michigan State University, em 1966-68, nos EUA, e outra vez, em 1970-73, 15 meses na Universidade Stanford, tive a oportunidade de assistir no campus, mais de uma vez, ao conjunto de música folclore de que mais gostava, Peter, Paul and Mary.
De todas as interpretações de "Blowin" in the Wind", uma das mais belas canções de Bob Dylan, considero as mais bonitas aquelas de Peter, Paul and Mary, assim como a de Joan Baez. Eles cantaram essa música justamente na Grande Marcha de Washington, D.C., em 28 de agosto de 1963, quando Martin Luther King Jr. pronunciou uma das mais belas orações da história, "I have a dream" (Eu tenho um sonho), em defesa dos direitos civis e dos direitos iguais de votação.
É fácil ver pela internet, ao acessar o YouTube, a gravação de "Blowin" in the Wind", cantada por Bob Dylan, The Freedom Brothers, Joan Baez e Peter, Paul and Mary, no Newport Folk Festival, ocorrido em 26 de julho de 1963. Destacam-se, como que em segunda voz, as vozes femininas de Joan Baez e Mary Travers, que faleceu no último dia 16, aos 72 anos, vítima de leucemia. Nos anos 60 e 70, eu tinha os discos de Peter, Paul and Mary, assim como os dos Beatles, os de Joan Baez, os de James Taylor, os de Cat Stevens e os de tantos cantores brasileiros.
Meus três filhos, Eduardo, o Supla, André e João -o mais velho e o mais moço se tornaram músicos-, certamente foram influenciados musicalmente por terem ouvido bastante essas canções em casa e no automóvel.

Canções de protesto
Mary Travers enriquecia muito as vozes de Peter e Paul, com um tom feminino de enorme graça. Eis porque a gravação que fizeram de "Blowin" in the Wind" teve ainda maior sucesso e vendagem do que a própria de seu autor, Bob Dylan.
"Blowin" in the Wind" foi a mais cantada nas grandes manifestações de protesto contra as guerras do Vietnã e, depois, do Iraque.
Mas foram muitas as canções que Peter, Paul e Mary cantavam e faziam vibrar as plateias de estudantes em todos os campos universitários da época, quase todas relacionadas a como se deveria alcançar a justiça e propiciar o sentido de solidariedade humana nas sociedades para se alcançar a paz: "If I Had a Hammer" (Se eu tivesse um martelo), "500 Miles" (500 milhas), "The Times They Are A-changing" (Os tempos, eles estão mudando), "Leaving on a Jet Plane" (Partindo num avião a jato), "Lemmon Tree" (Limoeiro) e "Puff, the Magic Dragon" (Puff, o dragão mágico). "If I Had a Hammer", de Trini Lopez, por exemplo, nos dizia muito: "Se eu tivesse um martelo/ Martelaria pela manhã/ Martelaria à noite/ Por toda essa terra/ Martelaria o perigo/ Martelaria a preocupação/ Martelaria o amor que existe entre meus irmãos e minhas irmãs/ Por toda essa terra/ (...)/ É o martelo da justiça/ É o sino da liberdade/ É a canção sobre o amor que existe entre meus irmãos e minhas irmãs/ Por toda essa terra".
Mary Travers agora canta no céu, em paz.


EDUARDO MATARAZZO SUPLICY , 68, é senador da República pelo PT-SP


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