São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Crítica/show

Gerações brigam para ver Jerry Lee Lewis

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Jerry Lee Lewis não botou fogo no piano, mas acendeu faíscas na plateia que foi ao Credicard Hall na sexta passada, em São Paulo.
Entre os fãs, que ocuparam apenas metade da casa (que tem capacidade para até 7.000 pessoas), havia gente de diferentes gerações: crianças no final dos anos 50, quando o músico ficou famoso por incendiar seu instrumento durante uma apresentação; pós-adolescentes em 1993, quando ele tocou pela última vez no país; e atuais jovens animados portando topetes esculturais.
Alguns dos jovens estavam tão animados que deixaram as cadeiras para dançar perto do palco. Mas aqueles que conhecem Lewis desde os anos 50/60 protestaram, e os seguranças da casa tiveram que apartar pelo menos uma meia dúzia de brigas entre essas diferentes gerações -durante boa parte do show, todos tiveram que permanecer sentados mesmo.
No palco, Lewis parece nem ter notado as confusões. Aos 73 anos, seus dedos já não estão mais tão rápidos, mas, nos 45 minutos em que permaneceu sentado ao piano, manteve o público nas mãos, contemporâneas de Elvis Presley, Carl Perkins, Chuck Berry.
Com Lewis, o piano torna-se tão visceral e enérgico quanto a guitarra. É escoltado por uma eficiente banda, mas seu carisma, sua importância histórica e a qualidade de canções como "Down the Line" jogam nossas atenções apenas para ele.
A banda de Lewis tomou o palco às 23h, após uma interminável apresentação de uma banda cover -e do pior tipo de banda cover, daquelas que realmente "sentem" as letras de "Another Brick in the Wall" e "We Are the Champions".
Após quatro ou cinco canções, os músicos dão espaço ao mestre, que entra no palco ovacionado. Lee Lewis divertiu com releituras de clássicos como "Sweet Little Sixteen" e "Roll Over Beethoven". O cenário era mínimo, discreto, como se fosse impossível tirar o foco do mestre.
O cantor encerrou a apresentação com a incontornável "Great Balls of Fire" e com "Whole Lotta Shakin" Goin On". Nesse momento, grande parte do público não aguentou e foi para a frente do palco. Os seguranças, é claro, não puderam fazer nada.
Em 45 minutos, Lewis quase não falou com o público. Deixou o palco acenando, sob gritos e flashes dos fãs, enquanto a banda fazia o pano de fundo.
Uma das lendas vivas do rock, Jerry Lee Lewis já se cansou de provocar polêmicas dentro e fora do palco -mas ainda é capaz de causar atritos (e de unir) entre diferentes gerações.


Avaliação: bom


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