São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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Filipe Catto mostra timbre de contratenor em 'Fôlego'

Álbum foi gravado com microfones usados em shows para levar sua interpretação de palco para o disco

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando entrou em estúdio para gravar seu primeiro disco, Filipe Catto não quis cantar parado na frente do microfone, com fones no ouvido.
Preferiu gravar na sala da técnica, com um microfone de show, vendo e ouvindo a banda dentro do estúdio e cantando e caminhando com movimentos livres, levando sua interpretação de palco para dentro do disco.
Não foi à toa: com 23 anos e um registro vocal agudo -contratenor com timbre perfeito, próximo a uma voz feminina-, a intensidade de interpretação de Catto é sua maior qualidade.
Chega ao álbum de estreia, "Fôlego", recém-lançado pela Universal, já com música em novela ("Saga" toca em "Cordel Encantado", trama das seis da Globo) e admiradores conquistados com a força de suas apresentações e um primeiro EP independente lançado em 2009. Foi há pouco mais de um ano que o cantor chegou de Porto Alegre para seu primeiro show em São Paulo.
"O disco surgiu a partir do palco, do público e das minhas observações", conta. "O bacana nesse tempo em São Paulo foi que pude absorver bastante coisa da minha geração. Na experiência de poder cantar um repertório novo, de fazer parte de uma história que está rolando."

COMPOSIÇÕES
Autor de oito canções do disco, Catto pinça composições de conterrâneos gaúchos, como Nei Lisboa e as bandas Cachorro Grande e Apanhador Só, mas diz que a seleção "não foi partidária", mas pela força das canções.
Outras surpresas do repertório incluem uma antiga canção de Zé Ramalho e uma parceria de Arnaldo Antunes com o baixista Dadi, produtor de "Fôlego". E "Garçom", aquela, de Reginaldo Rossi.
"Estava em casa e, do nada, comecei a cantarolar essa música, como se tivesse baixado", lembra. "Comecei a ver que era muito mais forte do que eu imaginava, passei a vê-la de uma forma diferente. A letra me remete a Maysa, Dolores Duran, uma coisa meio antiga. Na verdade, é uma irmã gêmea de 'Meu Mundo Caiu'."
Maysa é grande referência. Elis Regina é ídolo máximo. Billie Holiday foi inspiração para uma canção. Há outra dedicada a Amy Winehouse.
Mas foi quando conheceu Elza Soares, diz Catto, que entendeu o verdadeiro sentido da palavra fôlego. "Ok, legal os nossos mortos trágicos, os que se foram e tiveram vida turbulenta. Mas ando admirando pessoas vivas que fazem música. Quero ser assim quando eu crescer. Eu admiro muito a Elza Soares porque ela está viva", afirma.
"Ela não é vítima de nada. Isso me alimenta como artista. Ela é destemida, tem uma força de viver, uma força de interpretação. Busco isso no meu trabalho. Me jogar no mundo e fazer as coisas do jeito que elas são. Desencanar e bancar a história."

FÔLEGO
ARTISTA Filipe Catto
LANÇAMENTO Universal
QUANTO R$ 20, em média


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