São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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29ª MOSTRA DE CINEMA

"Estrela Solitária", novo filme do diretor alemão, tem exímia atuação de Sam Shepard e repara erros de títulos anteriores

Wenders reencontra a América em longa

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Wim Wenders reencontra a América em "Estrela Solitária". Minimiza o errôneo "Terra da Fartura", que abriu a Mostra de São Paulo no ano passado, ou o desastrado "O Hotel de 1 Milhão de Dólares". O novo filme dialoga com o melhor de sua produção, como "Paris, Texas" (1984).
Um dos catalisadores para o filme ter um bom resultado é a atuação de Sam Shepard. Dramaturgo de destaque, é agora também "reencontrado" por Wenders, após 21 anos sem colaborações mútuas. Shepard assinou um dos melhores roteiros de Wenders, o de "Paris, Texas", e ainda não havia sido dirigido pelo alemão.
Shepard faz Howard Spence, ator decadente que foge do set de um faroeste tardio chamado "Phantom of the West". Sem muitas explicações, vai visitar sua mãe (Eva Marie Saint), que não vê há décadas, em Elko (Nevada).
Na cidade, descobre que tem um filho perdido, fruto de uma das muitas noites célebres em sua trajetória de "bad boy". Howard deixou de contatar a garçonete Doreen (Jessica Lange), que criou o filho com total ausência do pai.
O caubói envelhecido então parte para outra jornada, em direção a Butte (Montana), de onde nunca saiu Doreen e seu filho.
Como trama paralela, há Sky (Sarah Polley), que perdeu sua mãe há poucos dias e também vaga em busca de um novo norte.
Muito do interesse do filme vem do desenvolvimento exímio do personagem por Shepard. Sua atuação precisa como caubói que oscila entre o ostracismo, a irresponsabilidade e a expiação vai ao encontro de seu roteiro, trabalhado com Wenders, que o isenta de explicações moralistas sobre sua existência irrisória.
Wenders, hábil cinéfilo na construção de road movies, pontua por toda a trama locais curiosos, com personagens ambivalentes, onde a dita "América profunda" se mescla a urbanidades estranhas. Assim, a fotografia excepcional de Franz Lustig passeia pelas paisagens rochosas de Moab (Utah) com similar deslumbramento também reservado a ambientes caseiros dos subúrbios, cassinos de luzes berrantes, hotéis com convenções atípicas e bares com shows de bandas à margem.
Tal mescla tem seus excessos - a angelical presença de Sky, o desfecho das personagens jovens-, mas é muito mais do que Wenders andava rodando.


Estrela Solitária
Don"t Come Knocking
   
Direção: Wim Wenders
Quando: hoje, às 22h30, no Cine MorumbiShopping; e dias 23, às 22h40, no Cine Bombril; 27, às 16h50, no Cinesesc; e 29, às 19h20, no Espaço Unibanco


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