GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se as novelas de época costumam ser recheadas de simplismos históricos e diálogos clichê, o que dizer sobre este longa-metragem "Aleijadinho - Paixão, Glória e Suplício" que o Canal Brasil exibe hoje?
Com roteiro e produção dignos de aula pré-primária, o filme percorre os principais acontecimentos da vida de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814): o aprendizado de seu ofício, sua relação com os mestres do barroco mineiro, o trabalho nas igrejas.
Numa tentativa de tornar a narrativa menos monótona, cenas supostamente "picantes" e "dramáticas" são inseridas na trama: a mulher de Aleijadinho, por exemplo, dorme com um oficial português encantado com seu dotes da mulata.
Estamos na Vila Rica -atual Ouro Preto- do século 18. Se o longa histórico se esforça para contextualizar seu personagem nas questões políticas, econômicas e literárias da época, ele se perde no maniqueísmo ao tocar em pontos fundamentais -a escravidão, o amor, a morte.
Para aqueles que desejam saber mais sobre Aleijadinho, segue a dica: uma grande exposição sobre o artista e o ciclo do ouro mineiro ocupa atualmente o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio. Quanto ao filme, foi-se a paixão, foi-se a glória; restou o suplício.