São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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OPINIÃO

Prêmios colocam cineastas na mira da censura do governo

ANA PAULA SOUSA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Qualquer reflexão sobre o cinema hoje no Irã parte de uma constatação tão óbvia quanto surpreendente: no país dos aiatolás, a atividade cinematográfica é levada a sério. Para o bem e para o mal.
A relação entre o cinema e o governo de Ahmadinejad é marcada por uma contradição irremediável. Ao mesmo tempo em que desejam tirar proveito da uma imagem internacional de modernidade e sofisticação -que a arte carrega-, os comandantes do regime se sentem ameaçados pelo retrato do país que o cinema pode difundir.
É por tatear limites assim complexos que a censura é absolutamente imponderável. Exceção feita aos cineastas populares e oficiais, todos os outros aguardam o "sim" ou o "não" com apreensão.
Jafar Panahi e Mohsen Makhmabaf são vistos como inimigos. Ashgar Farhadi, de "A Separação", vencedor do Urso do Prata em Berlim, vai representar o país no Oscar.
Os próprios prêmios internacionais têm os dois lados da moeda. A visibilidade serve de escudo e também deixa o artista na mira do governo.
Não fosse o apoio da comunidade internacional, vários deles já teriam sido calados.
A Mostra, muito antes de a Primavera Árabe soprar, acolheu Makhmalbaf, Abbas Kiarostami, Panahi e outros.
Nessa disputa, o Brasil sempre teve um lado: o dos que acreditam que a beleza e a imaginação podem enfrentar o autoritarismo e a morte.



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