São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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"O Encouraçado Potemkin" chega às bancas no domingo

Obra-prima de Eisenstein é o próximo título a sair pela Coleção Folha Cine Europeu

DE SÃO PAULO

Obra-prima que frequentemente ocupa a primeira posição na lista dos melhores filmes de todos os tempos, "O Encouraçado Potemkin" chega às bancas, em cópia restaurada, neste domingo pela Coleção Folha Cine Europeu.
Um livro rico em textos e imagens comenta a obra do seu diretor, o russo Sergei Eisenstein (1898-1948), e dá mais detalhes sobre o longa.
É de sua concepção a emblemática "montagem dialética" (ou "de atrações", termo mais adequado ao conceito), cujo princípio era explorar o potencial que as imagens apresentadas em sequência possuem para criar os mais variados sentidos.
Assim, em vez de a história ser contada somente através de imagens que reproduzam literalmente o que está enunciado no roteiro, Eisenstein propunha a inserção de tomadas "alienígenas" ao espaço-tempo da cena.
Por meio da dialética dessas imagens dá-se a criação de um sentido -sempre mais complexo e além dos limites de cada uma das tomadas isoladamente.
Eisenstein utilizou esse princípio em boa parte dos 29 trabalhos que dirigiu, sobretudo antes de o governo Josef Stálin (1922-1953) decidir embargar formalismos estéticos em prol de um realismo, para assim melhor veicular nos filmes os sagrados temas revolucionários.
Terceiro filme dirigido por Eisenstein, em 1925, "O Encouraçado Potemkin" parece responder contra esse mandamento imposto na segunda metade dos anos 1930.
O filme reproduz (livremente) um motim ocorrido no tal encouraçado Potemkin, em 1905, ainda na Rússia czarista, quando marinheiros revoltaram-se contra as condições de trabalho.
É uma metáfora da Revolução Russa de 1917 e, com Eisenstein em total adesão ao discurso oficial que bradava em favor das massas (e, talvez por essa crença na revolução, somada ao seu talento indiscutível), lhe foi possível continuar filmando sob o governo stalinista.
Deste filme de sequências tão brilhantes, destaca-se a famosa cena da escadaria, na qual um carrinho de bebê desce a esmo entre a população massacrada e os guardas abrindo fogo contra a manifestação.
O diretor norte-americano Brian De Palma, 71, outro cineasta atento às potenciais formas do cinema, prestou bela homenagem à cena no filme "Os Intocáveis", que dirigiu em 1987.
Mas este não foi o único grande diretor inspirado por Eisenstein. Há incontáveis outros, como o cinema europeu de vanguarda dos anos 1920 e o "nosso" Mário Peixoto, de "Limite" (1931).
Entre as obras famosas do diretor estão ainda "A Greve" (1924), "Outubro" (1927), "Que Viva México" (1931) e "Alexandre Nevsky" (1938).


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