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ILUSTRADA
Cantor, acusado de molestar sexualmente garoto de 12 anos, foi algemado ao se apresentar à polícia californiana
Michael Jackson paga fiança e é liberado
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Acusado de molestar sexualmente um garoto de 12 anos, o
cantor Michael Jackson, 45, se entregou ontem à polícia do condado de Santa Bárbara (Califórnia).
Ao descer do avião num aeroporto da região, o cantor teve os seus
direitos lidos por um policial e foi
algemado.
O cantor foi liberado após o pagamento de uma fiança de US$ 3
milhões. Segundo o advogado do
cantor, Mark Geragos, Jackson
está "profundamente ofendido
com essa grande mentira". Geragos foi o responsável pela defesa
da atriz Winona Ryder quando
ela foi acusada de furto, em 2002.
O sargento Chris Papas, da polícia de Santa Bárbara, disse ontem
que Jackson terá que se apresentar à Suprema Corte de Santa Bárbara em janeiro de 2004.
O "rei do pop" deve ser indiciado com base no artigo 288 do Código Penal da Califórnia. De acordo com o artigo, atos lascivos com
menores de 14 anos são considerados crimes. A pena pode chegar
a oito anos de prisão.
Embora não haja confirmação
oficial por parte da Justiça, a suposta vítima seria a mesma criança que apareceu no especial "Vivendo com Michael Jackson"
(que será reprisado pela Bandeirantes no Brasil no domingo, às
19h), produzido pela rede britânica BBC neste ano.
No documentário, o menino,
que sofre de câncer, aparecia no
rancho do cantor, Neverland
(Terra do Nunca), na Califórnia.
Ainda no vídeo, Jackson afirmava
que frequentemente convidava
crianças para dormir no local. Segundo o cantor, ele e as crianças
dormiam no mesmo quarto, mas
enfatizava que nisso não havia nenhuma conotação sexual.
Segundo relatos de amigos da
suposta vítima, entretanto, numa
dessas noites no rancho do cantor, Jackson teria dado vinho para
o menino e, depois, o teria molestado sexualmente.
O garoto teria contado sobre o
episódio para o seu terapeuta, para sua família e para a polícia. A
família decidiu, então, contratar o
advogado Larry Feldman para
cuidar do caso. O advogado é o
mesmo que representou a família
de um menino de 13 anos que
acusou o cantor de molestamento
sexual há dez anos. À época, o
cantor fechou acordo extrajudicial milionário com a família do
garoto, que retirou as acusações.
Dessa vez, o cenário parece mais
turbulento para Jackson. Segundo a polícia, a família do menino
de 12 anos afirmou que estaria
disposta a testemunhar contra o
cantor e que não pretenderia fechar um acordo financeiro.
As leis californianas mudaram
nesse tempo. Agora, segundo
analistas, se as vítimas não quiserem testemunhar, a Justiça pode
usar testemunhos anteriores das
vítimas ou outras evidências para
prosseguir com o caso.
A polícia também empreendeu
uma operação para vasculhar Neverland à procura de provas na
terça-feira. Segundo informações
extra-oficiais, evidências teriam
sido recolhidas no local.
Repercussão
Após a prisão do cantor, seu irmão Jermaine Jackson reiterou o
apoio da família. "Toda a família
apóia Michael 100%. Ele é inocente. Estamos convencidos", declarou ontem para a rede de televisão
americana CNN.
No canal Fox, o paranormal israelense Uri Geller, amigo do cantor, também se manifestou em
defesa de Jackson. "Ele é uma
criança presa num corpo de adulto. Quero acreditar que ele é inocente. Rezo para que ele seja inocente. Até acho que nada disso
aconteceu, mas sempre o aconselhei a mudar seu comportamento
em relação às crianças."
Majestik Magnificent, que se
apresenta como mágico particular do cantor, também afirmou
ontem que "tem convicção" de
que Jackson é inocente.
O imbróglio judicial parece ter
eclipsado o lançamento de sua coletânea de hits "Number Ones",
que aconteceu nesta semana. A
exibição de um especial do cantor
pela rede CBS na próxima semana
foi adiada indefinidamente.
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