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São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2003

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ILUSTRADA

Cantor, acusado de molestar sexualmente garoto de 12 anos, foi algemado ao se apresentar à polícia californiana

Michael Jackson paga fiança e é liberado

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Acusado de molestar sexualmente um garoto de 12 anos, o cantor Michael Jackson, 45, se entregou ontem à polícia do condado de Santa Bárbara (Califórnia). Ao descer do avião num aeroporto da região, o cantor teve os seus direitos lidos por um policial e foi algemado.
O cantor foi liberado após o pagamento de uma fiança de US$ 3 milhões. Segundo o advogado do cantor, Mark Geragos, Jackson está "profundamente ofendido com essa grande mentira". Geragos foi o responsável pela defesa da atriz Winona Ryder quando ela foi acusada de furto, em 2002.
O sargento Chris Papas, da polícia de Santa Bárbara, disse ontem que Jackson terá que se apresentar à Suprema Corte de Santa Bárbara em janeiro de 2004.
O "rei do pop" deve ser indiciado com base no artigo 288 do Código Penal da Califórnia. De acordo com o artigo, atos lascivos com menores de 14 anos são considerados crimes. A pena pode chegar a oito anos de prisão.
Embora não haja confirmação oficial por parte da Justiça, a suposta vítima seria a mesma criança que apareceu no especial "Vivendo com Michael Jackson" (que será reprisado pela Bandeirantes no Brasil no domingo, às 19h), produzido pela rede britânica BBC neste ano.
No documentário, o menino, que sofre de câncer, aparecia no rancho do cantor, Neverland (Terra do Nunca), na Califórnia. Ainda no vídeo, Jackson afirmava que frequentemente convidava crianças para dormir no local. Segundo o cantor, ele e as crianças dormiam no mesmo quarto, mas enfatizava que nisso não havia nenhuma conotação sexual.
Segundo relatos de amigos da suposta vítima, entretanto, numa dessas noites no rancho do cantor, Jackson teria dado vinho para o menino e, depois, o teria molestado sexualmente.
O garoto teria contado sobre o episódio para o seu terapeuta, para sua família e para a polícia. A família decidiu, então, contratar o advogado Larry Feldman para cuidar do caso. O advogado é o mesmo que representou a família de um menino de 13 anos que acusou o cantor de molestamento sexual há dez anos. À época, o cantor fechou acordo extrajudicial milionário com a família do garoto, que retirou as acusações.
Dessa vez, o cenário parece mais turbulento para Jackson. Segundo a polícia, a família do menino de 12 anos afirmou que estaria disposta a testemunhar contra o cantor e que não pretenderia fechar um acordo financeiro.
As leis californianas mudaram nesse tempo. Agora, segundo analistas, se as vítimas não quiserem testemunhar, a Justiça pode usar testemunhos anteriores das vítimas ou outras evidências para prosseguir com o caso.
A polícia também empreendeu uma operação para vasculhar Neverland à procura de provas na terça-feira. Segundo informações extra-oficiais, evidências teriam sido recolhidas no local.

Repercussão
Após a prisão do cantor, seu irmão Jermaine Jackson reiterou o apoio da família. "Toda a família apóia Michael 100%. Ele é inocente. Estamos convencidos", declarou ontem para a rede de televisão americana CNN.
No canal Fox, o paranormal israelense Uri Geller, amigo do cantor, também se manifestou em defesa de Jackson. "Ele é uma criança presa num corpo de adulto. Quero acreditar que ele é inocente. Rezo para que ele seja inocente. Até acho que nada disso aconteceu, mas sempre o aconselhei a mudar seu comportamento em relação às crianças."
Majestik Magnificent, que se apresenta como mágico particular do cantor, também afirmou ontem que "tem convicção" de que Jackson é inocente.
O imbróglio judicial parece ter eclipsado o lançamento de sua coletânea de hits "Number Ones", que aconteceu nesta semana. A exibição de um especial do cantor pela rede CBS na próxima semana foi adiada indefinidamente.


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