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Festival traz "lendas",
mas faltam novidades
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Além de Chick Corea e seu
Touchstone, outros músicos (alguns ótimos, outros nem tanto)
também descem até o Brasil para
participar do festival Music Masters, que se estende por vários lugares do Brasil (São Paulo, Rio de
Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto
Alegre e Salvador).
Entre estes outros artistas, o
mais interessante é o baterista
Billy Cobham, que vem com a
banda Culturemix. Assim como
Corea, Cobham é um dos grandes
nomes da fusion, talvez seu principal baterista.
Com um currículo que inclui
um começo de carreira com o pianista Horace Silver, Cobham também aparece nos créditos do clássico fusion "Bitches Brew", de Miles Davis, com participação menor. Ainda assim, tocou com Miles por algum tempo, acompanhando de perto a revolução.
Aprendeu direitinho e fundou,
ao lado de John McLaughlin, também egresso da banda de Miles, a
Mahavishnu Orchestra, um dos
principais nomes do começo dos
anos 70.
Até 1973, quando gravou seu
clássico pessoal, "Spectrum", que
vendeu muito bem, provou seu
alto nível como compositor e deu
início à sua carreira solo.
Seu projeto atual, Culturemix,
arrisca na mistura de vários estilos importados de culturas diferentes, misturando fusion, rock,
música cubana, funk, jazz tradicional e elétrico. Se funciona ou
não, só vendo para comprovar.
Depois de Cobham, em ordem
de relevância, o festival traz também o trio do guitarrista Larry
Coryell, que fez sua estréia no jazz
na década de 60, no grupo do importante baterista Chico Hamilton. O que se diz sempre é que ele
é um dos pioneiros do jazz-rock,
mas mais difícil é explicar objetivamente o que é o jazz-rock.
O estilo de Coryell vem de uma
pegada próxima do blues, mas rica em harmonias e conceituações,
o que o coloca ao lado de grandes
jazzistas, como McLaughlin e
John Scofield. Teve seu auge na
carreira há 30 anos e formação na
fusion, com inclinações musicais
inovadoras.
Robert Cray, o próximo da lista,
é músico de blues com 30 anos de
experiência. Bem acima da média
dos músicos de blues, que costumam martelar as mesmas idéias
com poucas variações, Cray tem
uma boa voz com influência de
soul meloso, tendências ao pop
radiofônico e proximidade musical com bandas como Dire Straits.
Cantora de blues com experiência ganha no gospel, cantado na
igreja de seu pai, pastor batista,
Oleta Adams completa a formação do festival. Seu som é exatamente isso, um blues-gospel careta, mas com certa inclinação moderninha (ou o que seria chamado de moderninho há uns 15
anos), sem muito mais que isso.
Apesar do nome óbvio (dava
para ser mais genérico que "Music Masters"?), o festival tem alguns ótimos shows. Mas todos os
festivais de jazz por aqui seguem
sempre a mesma fórmula. É essencial trazer nomes importantes
e lendários, mas, a julgar pela seleção habitual de "lendas vivas", o
freqüentador mais desavisado vai
realmente acreditar no velho clichê que diz que o jazz morreu.
Ou, pelo menos, que está nas últimas.
(RE)
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