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Fórum em SP discute os rumos da arte atual
Simpósio internacional reúne críticos e curadores; Brett faz palestra amanhã
Para a curadora Sonia Salzstein, é preciso separar claramente a produção artística brasileira da indústria do entretenimento
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Fortalecer e aprofundar o debate sobre a arte brasileira, desvinculando-a da indústria de
entretenimento. O simpósio
"Pensar a Arte Hoje - Perspectivas Críticas" começa hoje no
Centro Universitário Maria
Antonia, em São Paulo, e tem
como um de seus objetivos tal
discussão, em um momento de
especial popularidade de artistas do país no exterior.
Participam do fórum importantes críticos de arte e curadores do país, como Sonia Salzstein, Tadeu Chiarelli e Paulo
Sergio Duarte, artistas como
Nelson Felix e Iole de Freitas,
além de críticos estrangeiros
como o britânico Guy Brett e o
alemão Robert Kudielka, entre
outros.
De acordo com Salzstein,
uma das coordenadoras do
simpósio, "o debate sobre a arte no Brasil está empobrecido.
O pesquisador deve combater a
indiferenciação progressiva da
arte e do entretenimento".
O fato de ser a segunda edição do simpósio, organizado
por instituições públicas, fortalece a continuidade dos debates, avalia Salzstein.
"Após anos de leis de incentivo, é preciso questionar o que
se tem feito em termos de políticas públicas para a cultura."
Troca
Salzstein explica que a organização do simpósio montou-o
tentando fazer uma mistura
entre pesquisadores, curadores, críticos e os próprios artistas. "O objetivo é permitir que
eles possam expor suas experiências, para que a discussão
seja mais aprofundada", diz.
Entre os convidados estrangeiros, Brett talvez seja o mais
conhecido dos brasileiros. Um
dos mais importantes incentivadores de artistas brasileiros
no circuito europeu, o britânico
escreve textos sobre nomes
brasileiros desde 1964, quando,
sob o pseudônimo de Gerald
Turner, publicou artigo sobre a
obra do escultor Sergio Camargo (1930-1990) para a galeria
Signals, em Londres.
Brett, depois, se firmaria como um dos mais assíduos ensaístas da obra de Hélio Oiticica
(1937-1980), Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Antonio Manuel, entre
outros. Parte importante desses textos está reunida em
"Brasil Experimental" (ed.
Contracapa, R$ 85, 296 págs.).
Kudielka e o belga Thierry
De Duve já foram convidados
de outros seminários no Brasil.
Já a indiana Kapur foi jurada da
Bienal de Veneza e assinou curadorias para a Tate Modern,
entre outras instituições.
"Acho importante a vinda dela
ao Brasil, não só por sua atividade curatorial, mas por ser da
Ásia e de um país que desconhecemos em relação à arte
contemporânea", diz Salzstein.
Tadeu Chiarelli vai expor na
terça painel sobre os núcleos
históricos e as salas especiais
da Bienal de São Paulo. "A apresentação tinha sido definida
antes do anúncio da próxima
Bienal [que, em 2008, terá um
andar inteiro vazio]. Será uma
chance para discutir o envelhecimento de instituições do gênero, não só no Brasil."
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