São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nuno Ramos publica livro com ensaios e memórias

Textos são costurados com ficção, projetos e roteiros

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Este foi um ano literário para Nuno Ramos. "Ensaio Geral", livro que o artista plástico lança hoje, na Livraria da Vila, em São Paulo, é, em boa parte, a concretização desse período.
Apesar de o título induzir à idéia de uma compilação de textos analíticos e críticos, o livro vai além. Os 22 ensaios propriamente ditos, que tratam de temas como arte, música e futebol, são alinhavados com propostas de obras públicas, projetos de exposição, ficções e memórias pessoais. Ramos não é novato no ofício. Formado em filosofia, escreve desde a adolescência e, durante pelo menos uma década, dividiu o tempo entre o ateliê e um trabalho em uma grande empresa, no qual sua principal ocupação era escrever.
O artista tem outros dois livros publicados, "Cujo" (1993) e "O Pão do Corvo" (2001). E há o fato de boa parte de "Ensaio Geral" ser de textos já publicados, escritos a partir de 1994. A palavra é também componente usual de seu trabalho artístico. As recentes obras da série "Fala" são o melhor exemplo disso. Exposta no ano passado no Instituto Tomie Ohtake, a instalação "Vai Vai" era composta por burrinhos carregando alto-falantes que emitiam textos escritos por Ramos. O título "Ensaio Geral" é uma abertura para essas ligações entre textos, arte, poética e vida. Ensaio remete ao "estado das coisas como gênero", diz ele.
"Minhas obras são um pouco assim, estão literalmente em ensaio, não estão prontas. É uma possibilidade poética." Sem orelha nem texto na contracapa, que reproduz somente sua folha de rosto, o livro em si é também "um ensaio". O título e o nome do autor aparecem em uma peça feita por ele, para ilustrar a capa.

Conversas
"É o ato de conversar que está na base destes ensaios, com todo o sonho frágil de harmonia, de democracia profunda que há numa conversa", escreve o autor na apresentação. Talvez por essa crença, Ramos sugeriu um encontro com a reportagem da Folha em uma padaria em Pinheiros, na manhã ensolarada de ontem. Já no final do encontro, ele lembra de um aspecto importante de "Ensaio Geral" sobre o qual ainda não havia falado.
"O livro trata do status intelectual do artista e levanta essa questão de um jeito ambíguo", aponta ele. "Sempre há um medo de confundir idéia com arte. No livro, faço uma conexão poética nessa região. O artista pode ocupar um lugar interessante, opinativo de conceitos e idéias", afirma Ramos.
O livro se formata a partir de conexões. Embora temáticos, os capítulos se desdobram. O que fecha o livro, "De Giro em Giro (A Parte Maldita)", traz o roteiro de um filme, o projeto de uma mostra e um diário.
"Minha Fantasma (Um Diário)" relata a depressão de sua mulher, Sandra, durante seis meses, as idas ao médicos, os cuidados com ela e o seu sofrimento. O texto já havia sido publicado em uma tiragem mínima, de cem cópias, distribuídas para pessoas próximas. O ano literário de Ramos não se encerra com este lançamento. Ele já tem dois livros para serem lançados, "Ó", com 18 ensaios e sete poemas (os "Ós"), e o ensaio ficcional "Mau Vidraceiro".
Ramos pretende seguir no caminho editorial no ano que vem. Há projetos de livros sobre outros artistas e um sobre sua própria trajetória.


ENSAIO GERAL
Quando:
lançamento hoje, às 19h
Onde: Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, tel. 0/xx/ 11/3814-5811)
Quanto: R$ 52 (416 págs.)



Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Reality show: TNT exibe "Projeto 48" feito no Brasil
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.