DO CRÍTICO DA FOLHA

A primeira imagem de "A Duquesa", que mostra o detalhe de um vestido de outra época arrastando-se sobre um gramado, já nos entrega o que se deve esperar do longa: luxo, sofisticação e nenhuma gota de inquietação.
Com um elenco superestelar, liderado pela eternamente linda Keira Knightley, "A Duquesa" conta a história de uma dama da nobreza britânica no século 18, casada com um homem mais velho, rico e rude que só espera dela o papel de lhe gerar um varão. A chegada seguida de bebês meninas logo destrói o equilíbrio doméstico e reitera o lugar inferior ocupado pelas mulheres na ordem social de outros tempos. Marginalizada, a duquesa tem sua atenção deslocada para ideais alheios, proclamações de igualdade, liberdade e fraternidade que chegam ao condado de Devonshire vindos da América e da França.
Com certo esforço daria para enxergar na trajetória de Georgiana duplicidade com a figura de Lady Di, impedida de ser feliz enquanto o príncipe Charles saltitava com seus cavalos e com Camilla Parker Bowles.
Contudo, o jeitão de novela como a história é contada condena "A Duquesa" a um lugar no passado que não merece outra qualificação senão a de ultrapassado. (CSC)