Músico-ativista Bill Drummond faz "bloqueio" na Paulista para que as pessoas desliguem tocadores de MP3

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Desligue o iPod. Desligue a televisão. Não vá a nenhum clube ou show. Não cante no chuveiro. Saia na rua com um tampão nos ouvidos. Porque hoje é o Dia sem Música.
Um dia inteiro sem ouvir música. Essa é a idéia do músico, escritor, ativista e maluco escocês Bill Drummond, 55.
O Dia sem Música (No Music Day) acontece há quatro anos, sempre em 21 de novembro (porque 22/11 é Dia de Santa Cecília, a padroeira da música).
Em 2007, a ação foi centralizada em Glasgow, na Escócia. Neste ano, será em São Paulo.
Claro que hoje, tempo em que até Roberto Justus canta em público, é impossível não ouvir nenhuma canção. Mas Drummond veio a São Paulo liderar alguns atos para lembrar às pessoas como a música está sendo banalizada.
Uma dessas ações ocorrerá na av. Paulista -uma espécie de "bloqueio" para convencer as pessoas a desligarem tocadores de MP3. Outra, em algumas casas de show e teatro, em ato simbólico contra a execução constante de música.
"Em 2007, a rádio da BBC escocesa apoiou a campanha e passou o dia sem tocar nenhuma música ou jingle", Drummond conta. "Sei que pouquíssimas pessoas no Brasil conhecem o Dia sem Música, mas não é esse o ponto. Achei que seria interessante fazer a campanha em um dos países mais musicais do mundo."
É improvável que muita gente entre na campanha -mas Drummond já terá feito seu manifesto. E Drummond é um homem de manifestos -quando alguém escrever um livro sobre os músicos mais punks da história, o nome desse escocês certamente será citado.
Após lançar um selo (que impulsionou a carreira do Echo & the Bunnymen), Drummond montou uma dupla, o KLF.
No início dos anos 1990, a dupla produziu canções de electro-rock como "What Time Is Love?", "3 a.m. Eternal" e "Last Train to Trancentral", sucessos na Europa. Ganharam tanto dinheiro que, em 1994, se arrependeram de terem ganho tanto dinheiro -foram a uma ilhota na Escócia e QUEIMARAM 1 milhão de libras. A ação foi filmada (dá para achar o filme no You Tube). Por quê?
"Porque... Depois que fizemos, vimos que teríamos que bolar algum motivo para justificar aquilo, e nenhuma desculpa seria boa o suficiente... Tenho seis filhos, e eles me perguntam: "Pai, por que você fez aquilo?". Claro que eu me arrependo. Me arrependo por não ter esse dinheiro hoje, pelos meus filhos e porque esse episódio será sempre uma sombra em tudo o que eu fizer."


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