São Paulo, sábado, 21 de novembro de 1998

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MÚSICA
TV mostra "Show da Consciência Negra', que reuniu na última quarta Sandra de Sá, Hyldon e Cláudio Zoli
Cultura exibe celebração do soul brasileiro

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

"Faltaram Toni Tornado, Gerson King Combo e Cassiano. Mas isso é só o começo", resumiu Sandra de Sá, após sua apresentação, que fechou o "Show da Consciência Negra", na última quarta-feira no Sesc Pompéia, em São Paulo.
O espetáculo, que será exibido hoje, às 21h30, pela TV Cultura, reuniu três gerações da soul music brasileira: Cláudio Zoli, 38, Hyldon, 47, e Sandra de Sá, 43, além do rapper Thaíde e seu DJ Hum, que abriram a noite interpretando "Afrobrasileiro", com direito a pedido de salvas para Zumbi, cujos 303 anos de nascimento são celebrados hoje.
Em seguida, foi a vez de Cláudio Zoli subir ao palco. O compositor carioca deu início ao seu show com "À Francesa", gravada por Marina Lima em 89, para, em seguida, emendar com "Noite do Prazer", único sucesso da banda Brylho, que, liderada por Zoli, fez carreira efêmera no início dos anos 80.
Perfeccionista, Zoli interrompeu o show por duas vezes. "Um pouco de paciência. A televisão está gravando, o negócio tem que ser bem-feito", afirmou.
Ausente dos estúdios de gravação desde 93, o cantor Hyldon cantou com alguns de seus antigos sucessos, como "Na Sombra de uma Árvore" e "As Dores do Mundo".
Por fim, cantou, juntamente com Cláudio Zoli, "Na Rua, na Chuva, na Fazenda", que teve, recentemente, versão do Kid Abelha. As três músicas foram cantadas em uníssono pelo público.
Após o show, Hyldon disse estar trabalhando em um novo álbum, a ser lançado entre abril e maio do ano que vem. "Estou fazendo com calma, compondo devagarinho. O disco será meio blues, meio funk. Haverá duas músicas minhas com Jorge Salomão e já pedi para o Zoli um bluesão "reggaeado'."
Hyldon crê que este é o momento ideal para o ressurgimento da soul music no país. "Hoje em dia, a música negra está influenciando tudo. O nosso movimento foi o único que não deu certo. Mas, atualmente, estamos mais maduros."
Cláudio Zoli também tem um CD prestes a sair do forno, "Férias", que, em sua definição, faz uma leitura pessoal para o que está acontecendo na dance music e na música eletrônica atual.
"Gosto de jungle e drum'n'bass, mas não é o que mais escuto. Tenho, no entanto, que acompanhar o que está acontecendo, mas, à minha maneira, usando a eletrônica a favor das músicas."
O CD, com exceção da faixa-título -composição de Cassiano-, só terá músicas novas.
Sandra de Sá fechou a noite levantando o escasso público do Sesc Pompéia -que tinha diversas poltronas vazias-, misturando canções de Tim Maia, como "Sossego" e "Azul da Cor do Mar", e composições de seu repertório: "Joga Fora" e "Olhos Coloridos".
O número final foi "Vale Tudo", em que todos os participantes do show subiram ao palco. Até mesmo o soulman Fábio, que estava na platéia, deu uma canja.
Segundo o diretor do evento, Jodele Larcher, 42, o "Show da Consciência Negra" representou o "pontapé inicial". "Pensamos, mais tarde, em fazer shows itinerantes que reúnam a nata da soul music, como Lady Zu e Toni Tornado, e jovens talentos", afirmou.



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