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DANÇA
Municipal do Rio mostra o balé do Natal
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Desde sua estréia em 1893, o
balé "O Quebra-Nozes" tem
servido regularmente para comemorar as festas de fim de ano, nos
mais diversos teatros do mundo.
Com coreografia de Marius Petipa e Lev Ivanov e música de
Tchaikovski (1840-93), "O Quebra-Nozes" traz tudo o que se espera de um balé de Natal: encantamento, festa, brilho e lágrimas.
Ao que se somam, ainda, doses
especiais de virtuosismo, como se
pode ver no Theatro Municipal
do Rio de Janeiro, onde os corpos
estáveis dançam uma versão
adaptada por Dalal Achcar.
A coreografia de Achcar conserva a essência do balé, mas acrescenta sua dose de inovação, especialmente em momentos lúdicos,
com participação das crianças da
escola de dança Maria Olenewa.
As sequências coreográficas continuam baseadas em movimentos
relativamente simples, mas com
novas exigências de atuação teatral (o calcanhar-de-aquiles dos
bailarinos). A companhia se sai
muito bem, com destaque esperado e confirmado para Tiago Soares, que arrebata a platéia com sua
energia e seus giros.
"O Quebra-Nozes" é o menor
dos três balés de Tchaikovski
(menor, isto é, que "O Lago dos
Cisnes" e "A Bela Adormecida").
A lenda, inspirada num conto de
E.T.A. Hoffmann, deixa de lado
quase toda a ironia do escritor romântico alemão e traduz o balé
para um mundo de fantasia, sonhos, neves, flores.
Nem por isso é menos sofisticado e engenhoso. Na famosíssima
"Valsa das Flores", por exemplo,
as melodias características de
Tchaikovski criam uma tensão
expressiva complementar das
harmonias da dança.
Os passos são simples, mas ganham uma força incrível pelo desenho coreográfico e pela precisão do conjunto.
Nesta temporada, a Orquestra
Sinfônica Municipal está sendo
regida pelo experiente Henrique
Morelenbaum, que regeu a estréia, em 1974, desse mesmo "O
Quebra-Nozes" de Dalal Achcar.
É um maestro atento para a dança, que mantém sua orquestra
sempre musicalmente atenta aos
pés dos solistas, distendendo ou
acelerando ligeiramente o andamento conforme o caso.
Na estréia, dia 24 de novembro,
o solista Marcelo Gomes (atualmente bailarino do American Ballet Theatre) mostrou seu previsível mas nem por isso menos elogiável virtuosismo. Sua "partner",
Cecília Kerche, é outra que está
num belo momento da carreira;
seu desempenho valoriza o papel
com linhas que literalmente arrancam suspiros da platéia.
Cenário, iluminação e figurino
compõem a cena toda em clima
de festa, com direito até a uma árvore de Natal gigantesca, que encanta a menina Clara.
"O Quebra-Nozes" pode não ser
a dança de cabeceira de ninguém.
(Nem no Rio nem em São Paulo,
onde a montagem anual do "Cisne Negro", de ambições menores,
também está em cartaz, no teatro
Alfa.) Mas a felicidade desse balé
não pode ser menosprezada.
A felicidade não pode jamais ser
menosprezada, e "O Quebra-Nozes" é uma de suas encarnações
definitivas. Grande programa -e
mais um ponto para dança no Rio
de Janeiro.
A jornalista Inês Bogéa viajou a convite
da produção do espetáculo
O Quebra-Nozes
Onde: Theatro Municipal do Rio de
Janeiro (pça. Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/
2262-3935)
Quando: nesta semana, dom., às 17h
(com orquestra); semana que vem, qui. a
sáb., às 19h30, e dom., às 17h (com fita);
até 6 de janeiro
Quanto: de R$ 10 a R$ 180
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