SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Papai Noel traz amor de verdade aos solitários e amargurados: esse conceito de filme romântico, voltado sobretudo ao público feminino, ocupa um pequeno nicho do mercado nos finais de ano.
"Simplesmente Amor" (2003) e "Tudo em Família" (2005) são exemplos recentes do que "O Amor Não Tira Férias" também se propõe a fazer, ambientando sua trama em universo de "reality show". Chega o Natal e as coisas não andam bem para Amanda (Cameron Diaz) na ensolarada Califórnia: mais um namoro terminou. Na gélida Inglaterra, Iris (Kate Winslet) também sofre outra desilusão amorosa. Uma nunca viu a outra, mas a internet propicia uma troca provisória de casas durante o período de festas. As duas querem fugir do que (e de quem) as assombra, mas são agraciadas pelo destino.
Roteirista de "A Recruta Benjamin" (1980) e "Presente de Grego" (1987), a diretora Nancy Meyers vem de dois êxitos de bilheteria -"Do que as Mulheres Gostam" (2000) e "Alguém Tem que Ceder" (2003)- que reforçaram sua posição como especialista em contentar a alma feminina da platéia.
Aqui, ela tira da mala de ferramentas variações bem conhecidas sobre encontros tortuosos, mas abençoados, entre casais.
O elenco masculino faz a sua parte para preencher as expectativas: Jude Law é um evidente prêmio de loteria, enquanto Jack Black vira o jogo a seu favor com inteligência e sensibilidade -para que beleza numa situação dessas?
Seria um quebra-cabeças já remontado inúmeras vezes pelo público se Meyers não o temperasse com um tom de autoparódia: como Amanda trabalha com trailers de filmes e um dos personagens secundários é um veterano roteirista de Hollywood, satirizam-se as fórmulas dramáticas de hoje em contraposição à criatividade de antigamente. Quem jamais tira férias no cinema dos EUA é a esperteza.

O AMOR NÃO TIRA FÉRIAS    
Direção: Nancy Meyers
Produção: EUA, 2006
Com: Kate Winslet, Cameron Diaz, Jude Law, Jack Black
Quando: em cartaz a partir de amanhã no Bristol e circuito