São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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Tetine mostra fase mais experimental em show inédito

A dupla brasileira radicada em Londres apresenta o novo disco, "L.I.C.K. My Favela", toca faixas do trabalho que sai em 2007 e retoma o início da carreira

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a dupla de música eletrônica experimental Tetine se jogou no funk carioca, criou uma espécie de "glam funk", um som cuja levada é a mesma que anima os bailes do Rio de Janeiro, sobre bases bem produzidas, que mesclam influências de pós-punk, electro, rock.
Mas, como fez tantas vezes desde que se uniu, em 1995, o casal-dupla Eliete Mejorado e Bruno Verner reinventou-se e agora está numas de "pós-funk". "De alguma maneira, sempre fizemos um funk carioca autoral, com sons mais experimentais, melódicos, climáticos. Tem a ver com nossos trabalhos mais antigos, de pós-punk. A gente costuma chamar de "punk carioca", fala Verner.
Sem dar as caras por aqui desde o ano passado, quando fez uma de suas memoráveis performances no clube Vegas, o duo brasileiro radicado em Londres toca hoje, na casa de shows Coppola.
A apresentação será uma síntese da carreira do Tetine, mas sem hits do passado. O repertório terá o funk carioca do mais recente CD, "L.I.C.K. My Favela", e músicas do próximo álbum, que sai em fevereiro de 2007, e no qual eles retomam as experimentações da primeira fase da dupla. "O disco tem muita coisa de spoken word [letras recitadas]", explica ele. "Está mais para o campo das artes plásticas do que para a pista de dança. Vai ser uma surpresa. É um outro lado do Tetine."
Por enquanto, assim como "L.I.C.K. My Favela", que já ganhou três edições pelo selo alemão Kute Bash, o novo CD sairá apenas no Reino Unido, Japão e nos Estados Unidos. Dessa vez, pela gravadora inglesa Soul Jazz. "É um selo super respeitado na Inglaterra.
Uma casa de bandas como o ESG, que a gente sempre admirou. Estamos nas nuvens." O trabalho foi produzido por Verner e teve a participação da artista multimídia francesa Sophie Calle, com quem o Tetine gravou o disco "Samba da Monalisa", em 2002.

Galerias
Pela descrição de Verner, o próximo álbum deve retomar a face mais experimental do Tetine, que, antes de se tornar uma dupla de electro -fase que precedeu o funk carioca-, utilizava a música apenas como base para poesias, relatos.
Dessa época, vem o flerte do casal com galerias e museus, em instalações e performances. Neste ano, por exemplo, o lançamento do CD "L.I.C.K. My Favela" ocorreu no Palais de Tokyo, espaço em Paris com programação dedicada principalmente à arte de vanguarda. O duo também fez a abertura da exposição "Tropicália", no centro cultural Barbican, em Londres, se apresentou no importante Stedelijk Museum, em Amsterdã (Holanda), e no Monkeytown, em Nova York (EUA). Neste último, eles recriaram a instalação "Banho Turco", a mesma que foi montada em São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake, durante a versão brasileira do festival espanhol Sónar, em 2004.
Apesar da virada, os fãs do disco de funk carioca "Bonde do Tetão", o último do Tetine lançado no Brasil, não precisam se preocupar, "L.I.C.K. My Favela" é tão debochado quanto o anterior. Com participação de Deize Tigrona, na faixa "I Go to the Doctor", o destaque do CD é a música "Pelada do Flamengo", cantada sobre a base do clássico "London Calling", do The Clash. Mais punk impossível.


TETINE
Quando:
hoje, às 20h
Onde: Coppola (r. Girassol, 323, tel. 0/xx/11/3034-5544)
Quanto: R$ 15 (antecipado) e R$ 20


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