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Tetine mostra fase mais experimental em show inédito
A dupla brasileira radicada em Londres apresenta o novo disco, "L.I.C.K. My Favela", toca faixas do trabalho que sai em 2007 e retoma o início da carreira
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a dupla de música
eletrônica experimental Tetine
se jogou no funk carioca, criou
uma espécie de "glam funk",
um som cuja levada é a mesma
que anima os bailes do Rio de
Janeiro, sobre bases bem produzidas, que mesclam influências de pós-punk, electro, rock.
Mas, como fez tantas vezes
desde que se uniu, em 1995, o
casal-dupla Eliete Mejorado e
Bruno Verner reinventou-se e
agora está numas de "pós-funk". "De alguma maneira,
sempre fizemos um funk carioca autoral, com sons mais experimentais, melódicos, climáticos. Tem a ver com nossos trabalhos mais antigos, de pós-punk. A gente costuma chamar
de "punk carioca", fala Verner.
Sem dar as caras por aqui
desde o ano passado, quando
fez uma de suas memoráveis
performances no clube Vegas, o
duo brasileiro radicado em
Londres toca hoje, na casa de
shows Coppola.
A apresentação será uma síntese da carreira do Tetine, mas
sem hits do passado. O repertório terá o funk carioca do mais
recente CD, "L.I.C.K. My Favela", e músicas do próximo álbum, que sai em fevereiro de
2007, e no qual eles retomam
as experimentações da primeira fase da dupla.
"O disco tem muita coisa de
spoken word [letras recitadas]", explica ele. "Está mais
para o campo das artes plásticas do que para a pista de dança. Vai ser uma surpresa. É um
outro lado do Tetine."
Por enquanto, assim como
"L.I.C.K. My Favela", que já ganhou três edições pelo selo alemão Kute Bash, o novo CD sairá apenas no Reino Unido, Japão e nos Estados Unidos.
Dessa vez, pela gravadora inglesa Soul Jazz. "É um selo super respeitado na Inglaterra.
Uma casa de bandas como o
ESG, que a gente sempre admirou. Estamos nas nuvens."
O trabalho foi produzido por
Verner e teve a participação da
artista multimídia francesa Sophie Calle, com quem o Tetine
gravou o disco "Samba da Monalisa", em 2002.
Galerias
Pela descrição de Verner, o
próximo álbum deve retomar a
face mais experimental do Tetine, que, antes de se tornar
uma dupla de electro -fase que
precedeu o funk carioca-, utilizava a música apenas como
base para poesias, relatos.
Dessa época, vem o flerte do
casal com galerias e museus,
em instalações e performances.
Neste ano, por exemplo, o lançamento do CD "L.I.C.K. My
Favela" ocorreu no Palais de
Tokyo, espaço em Paris com
programação dedicada principalmente à arte de vanguarda.
O duo também fez a abertura
da exposição "Tropicália", no
centro cultural Barbican, em
Londres, se apresentou no importante Stedelijk Museum,
em Amsterdã (Holanda), e no
Monkeytown, em Nova York
(EUA). Neste último, eles recriaram a instalação "Banho
Turco", a mesma que foi montada em São Paulo, no Instituto
Tomie Ohtake, durante a versão brasileira do festival espanhol Sónar, em 2004.
Apesar da virada, os fãs do
disco de funk carioca "Bonde
do Tetão", o último do Tetine
lançado no Brasil, não precisam se preocupar, "L.I.C.K. My
Favela" é tão debochado quanto o anterior.
Com participação de Deize
Tigrona, na faixa "I Go to the
Doctor", o destaque do CD é a
música "Pelada do Flamengo",
cantada sobre a base do clássico
"London Calling", do The
Clash. Mais punk impossível.
TETINE
Quando: hoje, às 20h
Onde: Coppola (r. Girassol, 323, tel.
0/xx/11/3034-5544)
Quanto: R$ 15 (antecipado) e R$ 20
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