São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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Crítica/DVDs infantis

"Wall-E" se destaca entre lançamentos de animação

Disney também sai com duas edições comemorativas com extras e restaurações

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O mundo acabou. O robô Wall-E passeia pela Terra em companhia de uma barata -afinal, elas sobrevivem a tudo. Faz solitariamente seu trabalho de compactar lixo, e há toneladas de sucata por toda parte. Enquanto isso, junta de caixinhas a partes de robôs como ele. Wall-E enxerga beleza onde só há lixo.
Com cara de suja, essa simpática máquina leva uma vida tranqüila até que se apaixona pela evolução: uma versão feminina de robô com design arrojado aparece no seu mundo e o domina completamente.
A nostalgia que permeava toda a sua existência dá lugar à onipresença de Eva. Tudo em nome do amor, embora fora de sintonia. Afinal, ela tem uma missão: encontrar registro de vida na Terra para que a humanidade, reclusa no espaço, possa retornar ao planeta.
É uma história de amor clássica, de encontros e desencontros, perdas e ganhos, embalada por uma mensagem ecológica, mas sem panfletarismo nem apontar o dedo para ninguém. Somos todos errados na poluição do mundo e na nossa vida sedentária -e sabemos disso. Não é preciso um discurso político para nos convencer.
Com o mínimo de falas, lembra muito a simplicidade dos filmes de Charles Chaplin e acerta em cheio ao nos estender a mão para exaltar a relação entre os seres -ainda que não humanos. É ingênuo de um jeito que sentimos saudade, sem, com isso, ser tonto. Vai ser justo se levar um Oscar. Ou mais.

Pançudos com orgulho
Aproveitando a avidez das crianças por presentes, outros cinco lançamentos chegam ao DVD (veja quadro ao lado).
Mais familiar, o gordinho urso Po quer ser um mestre do kung fu, embora esse "excesso de gostosura" pareça um empecilho bem, digamos, polpudo.
Na mesma linha de "Ratatouille", em que um rato queria cozinhar, aqui a mensagem é de enfrentar os desafios para alcançar seu sonho. Com muito humor, não há como não torcer pelo urso, que rouba a cena frente aos outros animais. Mas, tudo bem, eles vão ganhar um filme próprio, conforme nos contam os extras de "Kung Fu Panda". "Os Cinco Furiosos" sai em breve em DVD.
Também fora de peso, o politicamente incorreto Shrek ganha nova franquia com uma fábula singela, em que ele tem de aprender o que significa o Natal para cumprir seu papel de paizão dos trigêmeos. É um subproduto, bem longe do humor que o ogro verde já produziu.
Já a concorrente Disney tem duas edições comemorativas: "A Bela Adormecida" faz 50 anos, com uma trama bem datada, embora ainda embale muitos sonhos das meninas. Mas fica estranho realmente em pleno 2008 uma princesa ficar esperando um príncipe chegar para levá-la do marasmo de sua vida.
"A Espada Era a Lei", de 1963, reconta a história do rei Arthur como um garoto de 12 anos numa Inglaterra sem rei nem lei. Acompanhado de uma coruja rabugenta, ele vai ser tutoreado pelo mago Merlin até cumprir sua missão de herói.
O filme marcou a ruptura entre Walt Disney e o roteirista Bill Peet. Na época mais preocupado com a criação dos parques, Walt deixou de lado o cinema e se arrependeu do resultado, abalando a confiança entre eles. Dois anos depois, afastaria Peet de "Mogli" e nunca mais trabalhariam juntos.
Mas os lançamentos não são só estrangeiros. Mônica lança a terceira versão de seu "Cine Gibi". O foco são sete planos "infalíveis" de Cebolinha para apanhar o coelhinho Sansão. Na verdade, quem apanha é ele e o Cascão, porque são sete vezes em que suas maluquices dão bem errado. Perdeu um pouco de fôlego essa idéia de fazer um mosaico de aventuras, mas as histórias continuam divertidas.


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