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Crítica/DVDs infantis
"Wall-E" se destaca entre lançamentos de animação
Disney também sai com duas edições comemorativas com extras e restaurações
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
O mundo acabou. O robô
Wall-E passeia pela
Terra em companhia
de uma barata -afinal, elas sobrevivem a tudo. Faz solitariamente seu trabalho de compactar lixo, e há toneladas de sucata por toda parte. Enquanto isso, junta de caixinhas a partes
de robôs como ele. Wall-E enxerga beleza onde só há lixo.
Com cara de suja, essa simpática máquina leva uma vida
tranqüila até que se apaixona
pela evolução: uma versão feminina de robô com design arrojado aparece no seu mundo e
o domina completamente.
A nostalgia que permeava toda a sua existência dá lugar à
onipresença de Eva. Tudo em
nome do amor, embora fora de
sintonia. Afinal, ela tem uma
missão: encontrar registro de
vida na Terra para que a humanidade, reclusa no espaço, possa retornar ao planeta.
É uma história de amor clássica, de encontros e desencontros, perdas e ganhos, embalada por uma mensagem ecológica, mas sem panfletarismo nem
apontar o dedo para ninguém.
Somos todos errados na poluição do mundo e na nossa vida
sedentária -e sabemos disso.
Não é preciso um discurso político para nos convencer.
Com o mínimo de falas, lembra muito a simplicidade dos
filmes de Charles Chaplin e
acerta em cheio ao nos estender a mão para exaltar a relação
entre os seres -ainda que não
humanos. É ingênuo de um jeito que sentimos saudade, sem,
com isso, ser tonto. Vai ser justo se levar um Oscar. Ou mais.
Pançudos com orgulho
Aproveitando a avidez das
crianças por presentes, outros
cinco lançamentos chegam ao
DVD (veja quadro ao lado).
Mais familiar, o gordinho urso Po quer ser um mestre do
kung fu, embora esse "excesso
de gostosura" pareça um empecilho bem, digamos, polpudo.
Na mesma linha de "Ratatouille", em que um rato queria
cozinhar, aqui a mensagem é de
enfrentar os desafios para alcançar seu sonho. Com muito
humor, não há como não torcer
pelo urso, que rouba a cena
frente aos outros animais. Mas,
tudo bem, eles vão ganhar um
filme próprio, conforme nos
contam os extras de "Kung Fu
Panda". "Os Cinco Furiosos"
sai em breve em DVD.
Também fora de peso, o politicamente incorreto Shrek ganha nova franquia com uma fábula singela, em que ele tem de
aprender o que significa o Natal
para cumprir seu papel de paizão dos trigêmeos. É um subproduto, bem longe do humor
que o ogro verde já produziu.
Já a concorrente Disney tem
duas edições comemorativas:
"A Bela Adormecida" faz 50
anos, com uma trama bem datada, embora ainda embale
muitos sonhos das meninas.
Mas fica estranho realmente
em pleno 2008 uma princesa ficar esperando um príncipe
chegar para levá-la do marasmo de sua vida.
"A Espada Era a Lei", de
1963, reconta a história do rei
Arthur como um garoto de 12
anos numa Inglaterra sem rei
nem lei. Acompanhado de uma
coruja rabugenta, ele vai ser tutoreado pelo mago Merlin até
cumprir sua missão de herói.
O filme marcou a ruptura entre Walt Disney e o roteirista
Bill Peet. Na época mais preocupado com a criação dos parques, Walt deixou de lado o cinema e se arrependeu do resultado, abalando a confiança entre eles. Dois anos depois, afastaria Peet de "Mogli" e nunca
mais trabalhariam juntos.
Mas os lançamentos não são
só estrangeiros. Mônica lança a
terceira versão de seu "Cine Gibi". O foco são sete planos "infalíveis" de Cebolinha para apanhar o coelhinho Sansão. Na
verdade, quem apanha é ele e o
Cascão, porque são sete vezes
em que suas maluquices dão
bem errado. Perdeu um pouco
de fôlego essa idéia de fazer um
mosaico de aventuras, mas as
histórias continuam divertidas.
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