São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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HQ mostra demônio na estação da Luz

Autor curitibano, que trabalhou em filmes como "O Cheiro do Ralo", busca inspiração em obra de Goethe

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim que chegou de Curitiba a São Paulo, em 1990, Guilherme Fonseca, 42, mudou-se para um hotel próximo à estação da Luz, na região central da cidade. Um dia, caminhando pelos arredores, foi assaltado por uma ideia: e se houvesse um demônio morando no relógio da estação de trem?
Deixou a pergunta por ali e seguiu sua carreira, fundando a Hiperquímica Produções e desenhando os "storyboards" de filmes como "O Cheiro do Ralo" (2006) e "À Deriva" (2009), ambos de Heitor Dhalia.
Isso até a leitura de "Fausto", de Goethe, há dois anos, obra que lhe serviu de catalisador.
A partir da história do médico que pactua com um demônio em troca de conhecimento, Fonseca escreveu o roteiro da novela gráfica "Estação Luz", ilustrada por Renoir Santos.
O projeto, que em 2008 recebeu R$ 25 mil do Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, impressiona pela atenção dada ao aspecto visual.
Para isso, por trás do traço, está uma equipe de profissionais para cuidar de cores, cenários, arte-final, balões etc.
Tudo isso com a direção artística minuciosa de Fonseca. Por exemplo: "Queria que os personagens ficassem destacados do cenário, com padrões de textura diferentes", explica. O resultado convence.
Em "Estação Luz", um professor universitário conhece um mendigo na estação enquanto faz compras em um camelô. Aos poucos, cai na lábia do pedinte -que se revela um demônio em busca, como sempre, de almas para atormentar.

Cenários emblemáticos
Em vez de receber conhecimento em troca do pacto, Wagner, o protagonista, passa a se dar muito bem com as mulheres. Até então, ocupado demais com os livros, era desajeitado com elas. Então o demônio pede sua parte do trato, que se revela difícil de ser cumprida.
Durante o gibi, os personagens circulam por cenários emblemáticos da capital paulista, com direito a cenas na Galeria do Rock e na rua da Consolação -além, é claro, de ações nos entornos da estação da Luz.
"Eu me encantei um monte com São Paulo, a cidade é riquíssima em cenários", explica Fonseca, que hoje mora na região da Pompeia (zona oeste).
Ele aproveita, durante a entrevista, para comentar outras ideias relacionadas à capital. "Se eu quiser fazer uma história de ficção científica, há a avenida Berrini, com prédios fantásticos e tecnológicos..."

ESTAÇÃO LUZ


Autores: Guilherme Fonseca e Renoir Santos (ilustração)
Editora: Devir
Quanto: R$ 25 (80 págs.)


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