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HQ mostra demônio na estação da Luz
Autor curitibano, que trabalhou em filmes como "O Cheiro do Ralo", busca inspiração em obra de Goethe
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim que chegou de Curitiba a São Paulo, em 1990, Guilherme Fonseca, 42, mudou-se
para um hotel próximo à estação da Luz, na região central da
cidade. Um dia, caminhando
pelos arredores, foi assaltado
por uma ideia: e se houvesse
um demônio morando no relógio da estação de trem?
Deixou a pergunta por ali e
seguiu sua carreira, fundando a
Hiperquímica Produções e desenhando os "storyboards" de
filmes como "O Cheiro do Ralo" (2006) e "À Deriva" (2009),
ambos de Heitor Dhalia.
Isso até a leitura de "Fausto",
de Goethe, há dois anos, obra
que lhe serviu de catalisador.
A partir da história do médico que pactua com um demônio
em troca de conhecimento,
Fonseca escreveu o roteiro da
novela gráfica "Estação Luz",
ilustrada por Renoir Santos.
O projeto, que em 2008 recebeu R$ 25 mil do Programa de
Ação Cultural, da Secretaria da
Cultura do Estado de São Paulo, impressiona pela atenção
dada ao aspecto visual.
Para isso, por trás do traço,
está uma equipe de profissionais para cuidar de cores, cenários, arte-final, balões etc.
Tudo isso com a direção artística minuciosa de Fonseca.
Por exemplo: "Queria que os
personagens ficassem destacados do cenário, com padrões de
textura diferentes", explica. O
resultado convence.
Em "Estação Luz", um professor universitário conhece
um mendigo na estação enquanto faz compras em um camelô. Aos poucos, cai na lábia
do pedinte -que se revela um
demônio em busca, como sempre, de almas para atormentar.
Cenários emblemáticos
Em vez de receber conhecimento em troca do pacto, Wagner, o protagonista, passa a se
dar muito bem com as mulheres. Até então, ocupado demais
com os livros, era desajeitado
com elas. Então o demônio pede sua parte do trato, que se revela difícil de ser cumprida.
Durante o gibi, os personagens circulam por cenários emblemáticos da capital paulista,
com direito a cenas na Galeria
do Rock e na rua da Consolação
-além, é claro, de ações nos entornos da estação da Luz.
"Eu me encantei um monte
com São Paulo, a cidade é riquíssima em cenários", explica
Fonseca, que hoje mora na região da Pompeia (zona oeste).
Ele aproveita, durante a entrevista, para comentar outras
ideias relacionadas à capital.
"Se eu quiser fazer uma história
de ficção científica, há a avenida Berrini, com prédios fantásticos e tecnológicos..."
ESTAÇÃO LUZ
Autores: Guilherme Fonseca e Renoir Santos (ilustração)
Editora: Devir
Quanto: R$ 25 (80 págs.)
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