São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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TEATRO
A terceira montagem do coordenador do CPT, Antunes Filho, reúne três cenas e estréia hoje em SP
"Prêt-à-Porter 3" investiga solidão


VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha

Antunes Filho não dá ponto sem nó. Apesar do sucesso de público e do impacto que "Prêt-à-Porter" causou desde a estréia, há dois anos, ele decidiu tirar a montagem de cartaz neste início de ano e substituí-la pela terceira versão, "Prêt-à-Porter 3", encenada a partir de hoje no hall do Sesc Consolação, em São Paulo.
"Se o "Prêt-à-Porter1" era ótimo, o 3 é excelente", acredita Antunes, 70. "Ele está bem fechado, é redondo, embora dramaturgicamente trate de temas simples."
O espetáculo -"alguns preconceituosos ainda querem vê-lo como exercício ou movimento, mas não é mais, é espetáculo"- apresenta três cenas, como na primeira edição.
"Bom Dia", com Donizeti Mazonas e Juliana Galdino, "Leque de Inverno", com Silvia Lourenço e Emerson Danesi, e "Posso Contar", com Sabrina Greve e Juliana Galdino, foram escritas e concebidas cenicamente pelas próprias duplas de intérpretes, um processo que se repete desde o início do projeto, em 98, sempre sob a supervisão acurada de Antunes.
"A gente não pensou previamente, mas acabou calhando de as três cenas tratarem de um tema comum: a solidão, o desencontro, da vida urbana e massacrante que a gente acaba vivendo", explica Silvia Lourenço, 23 (leia a sinopse das peças no texto abaixo). Ela é a única do atual elenco que participou do "Prêt-à-Porter 1" (o 2 consistia de quatro cenas, mas ficou apenas dois meses em temporada, dissolvido depois da saída de uma atriz).
Antunes está empolgado com o ritmo de criação dos atores do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), mantido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc-SP). Já fala em "Prêt-à-Porter" 4, 5, 6... O próximo trabalho vai trazer textos escritos pelos participantes do ciclo de dramaturgia do CPT.
O coordenador acredita que a série "Prêt-à-Porter" vem se estabelecendo como um novo paradigma no teatro brasileiro. Investindo contra o naturalismo da interpretação, herança deletéria da TV, Antunes diz ter concebido um libelo contra os estereótipos.
"Os espetáculos falam ao coração, não tem aquela coisa de dar porrada em cena, essas pontuações físicas, a gritaria, o gesto exagerado, aquela luz que impressiona, enfim, é singelo, é simples", explica, sem esconder o encantamento.
O coordenador vê "Prêt-à-Porter" ainda como alternativa em tempos bicudos. Os poucos recursos de cenografia, figurino e adereços nascem a partir de material reciclado. A produção do novo espetáculo custou irrisórios R$ 100. "A única coisa que você gasta para fazer um espetáculo desse nível é o seu talento, se você tiver."


Peça: Prêt-à-Porter Coordenação: Antunes Filho Com: atores do CPT Quando: sáb., 18h45 Onde: Sesc Consolação - hall de convivência (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/ xx/234-3000) Quanto: R$ 10

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