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TEATRO
A terceira montagem do coordenador do CPT, Antunes Filho, reúne três cenas e estréia hoje em SP
"Prêt-à-Porter 3" investiga solidão
VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha
Antunes Filho não dá ponto
sem nó. Apesar do sucesso de público e do impacto que "Prêt-à-Porter" causou desde a estréia, há
dois anos, ele decidiu tirar a montagem de cartaz neste início de
ano e substituí-la pela terceira
versão, "Prêt-à-Porter 3", encenada a partir de hoje no hall do Sesc
Consolação, em São Paulo.
"Se o "Prêt-à-Porter1" era ótimo,
o 3 é excelente", acredita Antunes,
70. "Ele está bem fechado, é redondo, embora dramaturgicamente trate de temas simples."
O espetáculo -"alguns preconceituosos ainda querem vê-lo como exercício ou movimento, mas
não é mais, é espetáculo"- apresenta três cenas, como na primeira edição.
"Bom Dia", com Donizeti Mazonas e Juliana Galdino, "Leque
de Inverno", com Silvia Lourenço
e Emerson Danesi, e "Posso Contar", com Sabrina Greve e Juliana
Galdino, foram escritas e concebidas cenicamente pelas próprias
duplas de intérpretes, um processo que se repete desde o início do
projeto, em 98, sempre sob a supervisão acurada de Antunes.
"A gente não pensou previamente, mas acabou calhando de
as três cenas tratarem de um tema
comum: a solidão, o desencontro,
da vida urbana e massacrante que
a gente acaba vivendo", explica
Silvia Lourenço, 23 (leia a sinopse
das peças no texto abaixo). Ela é a
única do atual elenco que participou do "Prêt-à-Porter 1" (o 2 consistia de quatro cenas, mas ficou
apenas dois meses em temporada, dissolvido depois da saída de
uma atriz).
Antunes está empolgado com o
ritmo de criação dos atores do
Centro de Pesquisa Teatral (CPT),
mantido pelo Serviço Social do
Comércio (Sesc-SP). Já fala em
"Prêt-à-Porter" 4, 5, 6... O próximo trabalho vai trazer textos escritos pelos participantes do ciclo
de dramaturgia do CPT.
O coordenador acredita que a
série "Prêt-à-Porter" vem se estabelecendo como um novo paradigma no teatro brasileiro. Investindo contra o naturalismo da interpretação, herança deletéria da
TV, Antunes diz ter concebido
um libelo contra os estereótipos.
"Os espetáculos falam ao coração, não tem aquela coisa de dar
porrada em cena, essas pontuações físicas, a gritaria, o gesto exagerado, aquela luz que impressiona, enfim, é singelo, é simples",
explica, sem esconder o encantamento.
O coordenador vê "Prêt-à-Porter" ainda como alternativa em
tempos bicudos. Os poucos recursos de cenografia, figurino e
adereços nascem a partir de material reciclado. A produção do novo espetáculo custou irrisórios R$
100. "A única coisa que você gasta
para fazer um espetáculo desse
nível é o seu talento, se você tiver."
Peça: Prêt-à-Porter
Coordenação: Antunes Filho
Com: atores do CPT
Quando: sáb., 18h45
Onde: Sesc Consolação - hall de
convivência (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/
xx/234-3000)
Quanto: R$ 10
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