São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2001

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ROCK IN RIO

Internet "envelhece" show de Neil Young

Antônio Gaudério/Folha Imagem
O músico Neil Young em show no Rock in Rio, na madrugada de domingo


Músico canadense prepara novo álbum com a banda Crazy Horse, mas não apresenta nada inédito no festival por causa da Web

LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Horas antes de sua consagradora apresentação no Rock in Rio, fechando a noite de sábado/madrugada de domingo, o músico canadense Neil Young recebeu alguns poucos jornalistas no hotel Copacabana Palace para uma de suas raras entrevistas
De sandálias, com o mesmo chapéu de cowboy que usaria poucas horas mais tarde no show e esfregando as mãos o tempo todo, Young mostrou-se extremamente bem-humorado, bem ao contrário de sua fama de mau no trato à imprensa.
Na conversa, o guitarrista revelou que o show que fez na Argentina, na última quinta-feira, e o do Brasil, na madrugada do último domingo, fazem parte de um reencontro especial com sua banda de acompanhamento preferida, a famosa Crazy Horse, que, volta e meia, nos últimos 30 anos, o seguiu em shows antológicos e discos idem.
"Já estamos juntos há uns dois meses, ensaiando e gravando algumas canções para um novo disco", disse Young.
Esse novo disco, entregou o músico, deverá carregar o nome de "Toast" e ser lançado até o meio do ano. O título será uma homenagem tétrica a um prédio de San Francisco, de uma empresa on line, que foi consumido por um incêndio enquanto, no edifício ao lado, Neil Young e a Crazy Horse ensaiavam as novas canções.
"Mas não vamos tocar nada novo no show de hoje (anteontem) por causa da Internet", falou o guitarrista. "Você sabe, é tocar coisa nova hoje e amanhã já vê-la na Internet. As canções podem sofrer algumas mudanças antes de ir para o disco, portanto não gostaria que ninguém as ouvisse antes de eu achar que estão prontas para o álbum."
Neil Young afirmou que sempre gostou de tocar novas canções em shows, mas mudou seu hábito desde que a Internet surgiu.

Antitabaco
Sobre manter uma cultuada carreira por 35 anos e nunca ter vindo tocar no Brasil, Neil Young culpou seu empresário.
"Pedi muito para tocar na América do Sul nos últimos dez anos. Quase vim há uns sete anos. Estava tudo certo, mas depois descobrimos que o festival (Hollywood Rock) levava até o nome da marca de cigarro. Não aceitei."
Quanto ao histórico episódio na Argentina -na quinta passada, quando, depois do show, Neil Young voltou com a Crazy Horse para tocar outro bis, encontrou o som do estádio desligado, mas tocou assim mesmo, virando para a platéia as caixas do palco-, o guitarrista falou:
"Nós não sabíamos que o show havia terminado. Para nós, não tinha acabado. Voltamos, viramos nossos monitores para a platéia e fizemos uma grande apresentação. Sabemos deixar nossos monitores bem barulhentos quando queremos. Várias pessoas estavam gritando por mais canções, e decidimos dar mais a elas".
Neil Young disse aprovar a versão que o Oasis fez para o clássico "Hey Hey My My". "Eles fizeram um bom trabalho. A versão ficou bem boa. Gosto da banda e de tocar com os irmãos Gallagher. Poderíamos ter feito um show conjunto no festival, mas acho que agora eles já foram embora."



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