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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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Autópsia sentimental

Divulgação
Em sentido horário, "Menino", de Efrain Almeida, "Azulejaria em Carne Viva", de Adriana Varejão, detalhe da instalação em bronze de Sandra Tucci e obra sem título de Debora Muszkat



Em "Pele, Alma", que começa sábado no CCBB em SP, 19 artistas tratam das expressões da afetividade


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após a extensa pesquisa sobre a nova arte brasileira, que resultou na mostra "Auto-retrato, Espelho de Artista", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 2001, a curadora Katia Canton, 40, vai além do universo das aparências para investigar o lado metafísico da produção contemporânea nacional.
O resultado é a mostra "Pele, Alma", que será inaugurada no próximo sábado, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Com cerca de 50 obras de 19 artistas, Canton faz um mapeamento de artistas que tratam, a partir de representações do corpo, das diversas expressões da afetividade humana.
"Por conta de minha pesquisa sobre a identidade, ou seja, o auto-retrato, constatei que diversos artistas trabalham com uma nova espiritualidade que representa uma busca de sentido na arte contemporânea. E o corpo torna-se, como as práticas de meditação, o canal de expressão dessa experiência", afirma Canton.
Para melhor ilustrar sua tese, a curadora dividiu a exposição em quatro módulos, envolvidos por tonalidades de peles nas paredes do CCBB. Textos de filósofos, músicos e poetas servem como introdução às temáticas abordadas na mostra.
O primeiro módulo, "A Pele É a Roupagem da Alma", está presente em todos os três andares de área expositiva do CCBB. A obra de maior impacto é a instalação de Ernesto Neto que, com seus 15 metros de altura, é a maior já realizada em São Paulo.
"Esse módulo é o mais abrangente e a porta da entrada da exposição. Ele é constituído por obras, como as de Neto, cuja aparência lembra a pele. É também o caso de Leda Catunda, que mescla a sua imagem com a do marido", conta Canton. Nesta seção, encontram-se ainda obras de Efrain Almeida, Sonia Guggisberg, Renata Pedrosa e Solange Pessoa.
Já a sala climatizada no segundo andar do CCBB recebe dois módulos: "Alma em Dor" e "Desenhos da Pele". "Busquei selecionar artistas que trabalham com a idéia de dor como refinamento, purificação e não estetização da violência", diz Canton. Assim, estão representados no módulo "Alma em Dor" Adriana Varejão, Dora Longo Bahia, Karin Lambrecht, Debora Muszkat e Paulo Gaiad.
Em "Desenhos da Pele", a curadora escolheu artistas que trabalham com a idéia do corpo como suporte, caso de Rosângela Rennó, José Rufino e Sandra Cinto, que comparece com a obra "Dias Felizes, Noites de Esperança".
Criada para a galeria Canvas, do Porto (Portugal), a instalação, que destaca fotografias de momentos da infância da artista, adapta-se, segundo ela, ao momento do país. "É uma obra otimista, creio que vivemos num momento de orgulho do Brasil", diz Cinto, durante a montagem de sua obra.
Finalmente, no módulo "Alma Brilhante", a curadora quer levar o visitante ao sentimento de êxtase através das obras de Del Pilar Sallum, Flávia Ribeiro, Albano Afonso e Sandra Tucci. São trabalhos com luminosidades diversas, que abusam de materiais resplandecentes como o ouro. "Sei que tal proposta pode gerar uma certa polêmica, mas creio que a arte tornou-se muito hermética e é preciso tentar que as pessoas também saiam felizes da exposição", afirma Canton.

PELE, ALMA. Exposição coletiva com 19 artistas brasileiros contemporâneos. Curadoria: Katia Canton. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro, SP, tel. 0/xx/11/ 3113-3651). Quando: abertura dia 25, às 12h; de ter. a dom., das 12h às 20h. Quanto: entrada franca.


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