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CINEMA/ESTRÉIA
Soderbergh desiste de voltar ao circuito indie e dirige astros de Hollywood em "Onze Homens e Um Segredo"
Ladrões de coração
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Após "Traffic" e "Erin Brockovich", tudo o que o premiado diretor Steven Soderbergh queria
era se dedicar a um filme pequeno
e independente. Mas George
Clooney, sócio do cineasta em
uma produtora, tinha outros planos. Planos que envolviam US$ 90
milhões, três cassinos, um grande
estúdio, dez atores da lista "A" de
Hollywood e Julia Roberts.
"Quando li o roteiro de "Onze
Homens e Um Segredo" liguei
imediatamente para Steven para
dizer que deveríamos produzi-lo", disse Clooney à Folha, em Los
Angeles. O diretor não se animou.
Não apenas porque Clooney tentava atrapalhar seus planos de
voltar ao circuito indie, que o projetou com "sexo, mentiras e videoteipe", em 1989, mas principalmente porque não era grande
fã do original, feito em 1960 e estrelado por Frank Sinatra, Sammy
Davis Jr. e Dean Martin.
Sobre as diferenças entre ambos, Clooney é capaz de falar por
dias, mas resume: "Enquanto o
original não sabia o que fazer com
aquele elenco estrelar, esse é um
roteiro mais bem amarrado, mais
romântico e não fala de vingança,
mas de um apaixonado que tenta
recuperar o amor de sua vida".
O bom roteiro foi forte o suficiente para convencer Julia Roberts e outros dez astros a atuar
apenas por participação em bilheteria. Até porque, se metade do
elenco cobrasse cachê, seria um
filme de US$ 200 milhões.
À trama. Clooney é Danny
Ocean, ex-presidiário que resolve
elaborar um sofisticado plano de
roubo aos caixas subterrâneos
dos três maiores hotéis de Las Vegas na tentativa de embolsar US$
150 milhões em uma noite. Para
isso, reúne dez dos mais talentosos gatunos do país (Brad Pitt,
Matt Damon, Don Cheadle, entre
outros). Mas os motivos do ladrão
charmoso não são financeiros.
Sua ex-mulher (Roberts, como
Tess Ocean) é agora a mulher do
proprietário dos cassinos (Andy
Garcia) e seu objeto de desejo.
"Não tinha idéia de como faria
para filmar as cenas. No meio da
produção, pensei se não havia feito uma enorme besteira topando
dirigir aquilo. Estava jogando minha reputação no lixo", afirma o
vencedor do Oscar de melhor diretor por "Traffic".
Soderbergh não dá instruções a
atores e faz questão de filmar ele
mesmo a maior parte das cenas.
"O diretor que fala, pede, sugere
presta um desserviço à obra. O
ator sabe o que tem que ser feito.
Falar demais -e isso se aplica a
tudo na vida- só atrapalha", diz.
É por isso que Roberts não esconde ter em Soderbergh seu diretor predileto. O que, entretanto,
não foi suficiente para fazê-la pular para agarrar o papel de única
personagem feminina do filme.
"Julia disse que queria trabalhar
novamente comigo, mas não em
"Ocean's", pois se tratava do clube
do bolinha", disse o diretor.
Mas a atriz, que foi dirigida para
o seu primeiro Oscar por Soderbergh em "Erin Brockovich", acabou entrando com tudo no ambiente cheio de testosterona.
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