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Crítica
Um berreiro repartido com o público
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para mim é pessoalmente difícil falar de "Luzes da Ribalta" (Telecine Cult, 19h45). Minha irmã me arrastou para ver
esse filme quando ela era
aprendiz de bailarina, e eu,
aprendiz de gente.
Ela devia imaginar que, sendo um filme de Charlie Chaplin, era uma comédia. Não era.
O palhaço Calvero sofre como
um condenado, assim como sua
protegida, Claire Bloom.
Para completar o depoimento pessoal, digo que armei um
berreiro como poucas vezes o
cine Metro, em São Paulo, terá
visto, de modo que minha irmã
se viu forçada a me levar embora antes que a sessão fosse irremediavelmente arruinada.
Anos mais tarde tentei rever
o filme e, curiosamente, a impressão que retive foi muito parecida com aquela inicial: a de
um melodrama choroso e pesado. Imperdoável.
Essa é uma impressão subjetiva. Mas talvez tenha sido naquela remota sessão que pretendi, pela primeira vez, partilhar o que sinto ao ver um filme.
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