São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997.

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TV PAGA O clássico instantâneo na HBO


da Redação

O nome avisa, no original, que se trata de ficção barata. Mas todo mundo percebeu que a intenção era muito outra: "Pulp Fiction" (HBO, 20h30) quer se firmar como ficção de primeira, original e incisiva.
O filme gerou, assim, um fenômeno oposto ao seu título. Foi recebido tão reverencialmente que saiu da cerimônia do Oscar com um prêmio de melhor roteiro.
É um sinal da confusão em que vive o cinema, afogado em um marketing que substitui as idéias sem a menor cerimônia. De manhã, o cara é um iconoclasta. À tarde já virou griffe, assinatura, autor, ícone. À noite é um clássico. Na manhã seguinte, não raro, não passa de sucata.
Estamos na era do autor descartável. No primeiro filme é um "cult". No segundo é gênio. No terceiro, um chato.
Tarantino, que é um talento explosivo, e nada bobo, houve por bem sumir do mapa depois deste seu segundo filme e dar um tempo.
"Pulp Fiction" tem momentos em que esse talento explosivo está todo à mostra. Tem outros, não menos frequentes, em que sua inconsequência se mostra inteira (reveja o filme: a circularidade do roteiro já não passa de um truque, na revisão.
No fim, é como diz com franqueza a revista da TVA: "é uma das melhores diversões que o cinema proporcionou nos últimos tempos". Ok, mas ninguém diria isso de Orson Welles, que fez filmes até mais divertido. (IA)

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