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VERNISSAGE
Obra de Takashi Murakami destoa dos trabalhos reunidos na coletiva Japão-Brasil que abre hoje no Masp
Artista japonês é "ovelha negra" de mostra
FERNANDO OLIVA
da Redação
Há pelo menos uma boa razão
para visitar a exposição coletiva de
7 japoneses e 13 nipo-brasileiros
que o Museu de Arte de São Paulo
abre hoje: a obra do artista plástico
japonês Takashi Murakami.
Ovelha negra meio perdida na
"Mostra Itinerante Japão-Brasil",
o trabalho de Murakami, 37, é repleto de irônicas referências pop,
baseadas em personagens extraídos do universo mangá (os quadrinhos japoneses), desenhos animados e videogames, além de outras
fontes de "lixo cultural", como ele
mesmo define.
Seu trabalho deixa claro que ele
não joga no mesmo time da maioria dos artistas reunidos para a exposição do Masp, tentativa de estabelecer um diálogo entre nipo-brasileiros (Tomie Ohtake, Manabu
Mabe e Megumi Yuasa, entre outros) e japoneses (Tokihiro Sato,
Mirian Fukuda, Yayoi Kusama).
Murakami escreveu, no próprio
catálogo da coletiva, que não lhe
interessa a conversa com certo tipo
de arte produzida em seu país: "No
Japão, as pessoas com baixa habilidade no tratamento de informações, ou aquelas mais desligadas,
têm sido justamente as que se dedicam à arte. As suas produções
não passam de mera cópia do gosto do "exterior". Em função disso,
não têm utilidade".
Para Murakami, a atual arte japonesa se confunde com a subcultura do país. E, segundo ele, é assim que deve ser. "Na perspectiva
ocidental, existe a cultura principal e existe a subcultura, que age
como uma antítese. No Japão, como não existe a cultura principal,
não há como definir suas fronteiras. E a vulgarmente conhecida
subcultura tem sido para nós algo
essencial." A frase define campos
antagônicos, e Murakami deixa
claro de que lado está: "O local em
que o Japão pode se identificar está
na subcultura".
Mesmo que suas criações mais
instigantes não estejam entre as selecionadas pela curadoria da mostra (caso do "Caubói Solitário", foto ao lado), seu personagem-manifesto estará lá -o Mister Dob, espécie de Mickey Mouse redesenhado à maneira dos mangás. "O Dob
foi criado para ser um ícone crítico
da base da arte japonesa", afirma.
Flavio Shiró
A itinerância da exposição começou em setembro do ano passado na cidade de Ipatinga (218 km a
leste de Belo Horizonte), inaugurando o centro cultural da siderúrgica Usiminas (um investimento
de R$ 7 milhões) e comemorando
os 90 anos da imigração japonesa.
Já passou pela capital mineira e
por Brasília. Em abril, faz sua última parada no Museu de Arte Moderna do Rio.
Hoje, dia do vernissage no Masp,
o artista plástico japonês Flavio
Shiró, 71, estará presente e será homenageado por sua obra "Umbigo
do Mundo". Shiró, que imigrou
para o Pará nos anos 30, divide residência entre a França e o Brasil.
Exposição: Mostra Itinerante Japão-Brasil
Artistas: Flavio Shiró, Kimiyo Mishima,
Chika Ito, Yutaka Toyota, Tokihiro Sato,
Miran Fukuda, Yayoi Kusama, Takashi
Murakami, Ken'ichi Hirota, Megumi Yuasa,
Tomie Ohtake, Midori Hatanaka, Kazuo
Wakabayashi, Manabu Mabe, Yugo Mabe,
Tikashi e Takashi Fukushima, Taro Kaneko,
Oscar Satio Oiwa e Daisuke Nakayama
Curadoria: Daniel Gomes
Vernissage: hoje, a partir das 19h
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, Cerqueira
César, tel. 011/251-5644)
Quando: ter. a dom., 11h às 18h. Até 4/4
Quanto: R$ 8 e R$ 4 (estudantes)
Patrocínio: Usiminas
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