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CINEMA/ESTRÉIAS
"JIMMY NEUTRON: O MENINO GÊNIO"
Ao lado de "Shrek" e "Monstros S.A.", animação tenta Oscar na nova categoria
Filme une tecnologia ao design dos anos 50
PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Ele tem aquele porte de "nerd"
do Vale do Silício, meio topetudo
como Elvis e meio geninho como
Einstein. É Jimmy Neutron, o pré-pubere do desenho animado
"Jimmy Neutron: O Menino Gênio", dirigido por John A. Davis,
que chega aos cinemas num dos
momentos mais importantes para a indústria da animação norte-americana.
Em primeiro lugar, este desenho, que se vale da tecnologia 3D
e tem um "look" retrô que toma
emprestado de "Os Jetsons" e dos
quadrinhos de ficção científica
das décadas de 40 e 50, é um dos
três finalistas do primeiro Oscar
da recém-criada categoria de animação. Seus concorrentes são as
superproduções montadas com
efeitos digitais e fotorealismo
"Shrek", da DreamWorks/PDI, e
"Monstros S.A.", da Disney/Pixar.
Por outro lado, o sucesso de
"Jimmy Neutron", uma "joint
venture" entre os estúdios Nickelodeon com a Paramount (que já
havia produzido "Rugrats - Os
Anjinhos"), define pela primeira
vez, em muitos anos, uma nova
frente de concorrentes para a Disney e a DreamWorks, as únicas
companhias de Hollywood que
pareciam saber tirar proveito satisfatório do gênero.
E a competição também está
vindo da Fox que, em associação
com o Blue Sky Studios, de Nova
York, criou um inesperado hit: "A
Era do Gelo", dirigido por Chris
Wedge e com co-direção do animador carioca Carlos Saldanha
(leia texto nesta página).
"No final da década de 80, inventei a história de um garoto que
cria um foguete capaz de dar a
volta ao mundo e foge de casa,
pois acredita que seus pais estão
sendo injustos em se preocuparem demais com suas invenções",
diz Davis em entrevista a Folha,
em Los Angeles.
"Em 1994, quando minha companhia, a DNA Productions, criou
um software de animação em 3D,
decidi rodar um curta, que ganhou alguns prêmios em festivais
e chamou a atenção da Nickelodeon. É excitante sair de um curta
de 40 segundos para o formato de
longa e, agora, no topo de tudo,
para o Oscar", conta o diretor.
Davis explica que idealizava
criar um universo ambíguo, por
isso a idéia da estética retrô em
"Jimmy Neutron". "Não queria
que o público conseguisse dizer o
ano em que a ação do filme se passa", comenta Davis. "Misturar a
tecnologia moderna com o estilo
cool do design dos anos 50 me pareceu divertido."
Embora muitos críticos lembrem que "Jimmy Neutron" bebe
na fonte do desenho "Os Jetsons",
Davis diz que suas influências foram outras. "Dei uma sapeada
nos programas de TV a que eu
adorava assistir quando criança,
como "Thunderbirds" e "Stingray'", explica o diretor, se referindo aos famosos seriados estrelados por fantoches.
E o que diferencia a mensagem
de "Jimmy Neutron" daquela
mostrada por seus concorrentes
no Oscar? "Eu queria dizer com
meu filme que é bom ser esperto",
diz Davis. "A esperteza é uma virtude a ser admirada."
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