São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 2002

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CINEMA/ESTRÉIAS

"JIMMY NEUTRON: O MENINO GÊNIO"

Ao lado de "Shrek" e "Monstros S.A.", animação tenta Oscar na nova categoria

Filme une tecnologia ao design dos anos 50

PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Ele tem aquele porte de "nerd" do Vale do Silício, meio topetudo como Elvis e meio geninho como Einstein. É Jimmy Neutron, o pré-pubere do desenho animado "Jimmy Neutron: O Menino Gênio", dirigido por John A. Davis, que chega aos cinemas num dos momentos mais importantes para a indústria da animação norte-americana.
Em primeiro lugar, este desenho, que se vale da tecnologia 3D e tem um "look" retrô que toma emprestado de "Os Jetsons" e dos quadrinhos de ficção científica das décadas de 40 e 50, é um dos três finalistas do primeiro Oscar da recém-criada categoria de animação. Seus concorrentes são as superproduções montadas com efeitos digitais e fotorealismo "Shrek", da DreamWorks/PDI, e "Monstros S.A.", da Disney/Pixar.
Por outro lado, o sucesso de "Jimmy Neutron", uma "joint venture" entre os estúdios Nickelodeon com a Paramount (que já havia produzido "Rugrats - Os Anjinhos"), define pela primeira vez, em muitos anos, uma nova frente de concorrentes para a Disney e a DreamWorks, as únicas companhias de Hollywood que pareciam saber tirar proveito satisfatório do gênero.
E a competição também está vindo da Fox que, em associação com o Blue Sky Studios, de Nova York, criou um inesperado hit: "A Era do Gelo", dirigido por Chris Wedge e com co-direção do animador carioca Carlos Saldanha (leia texto nesta página).
"No final da década de 80, inventei a história de um garoto que cria um foguete capaz de dar a volta ao mundo e foge de casa, pois acredita que seus pais estão sendo injustos em se preocuparem demais com suas invenções", diz Davis em entrevista a Folha, em Los Angeles.
"Em 1994, quando minha companhia, a DNA Productions, criou um software de animação em 3D, decidi rodar um curta, que ganhou alguns prêmios em festivais e chamou a atenção da Nickelodeon. É excitante sair de um curta de 40 segundos para o formato de longa e, agora, no topo de tudo, para o Oscar", conta o diretor.
Davis explica que idealizava criar um universo ambíguo, por isso a idéia da estética retrô em "Jimmy Neutron". "Não queria que o público conseguisse dizer o ano em que a ação do filme se passa", comenta Davis. "Misturar a tecnologia moderna com o estilo cool do design dos anos 50 me pareceu divertido."
Embora muitos críticos lembrem que "Jimmy Neutron" bebe na fonte do desenho "Os Jetsons", Davis diz que suas influências foram outras. "Dei uma sapeada nos programas de TV a que eu adorava assistir quando criança, como "Thunderbirds" e "Stingray'", explica o diretor, se referindo aos famosos seriados estrelados por fantoches.
E o que diferencia a mensagem de "Jimmy Neutron" daquela mostrada por seus concorrentes no Oscar? "Eu queria dizer com meu filme que é bom ser esperto", diz Davis. "A esperteza é uma virtude a ser admirada."



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