São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arte românica espanhola tem exposição em SP

"Caminhos de Santiago" ocupa andar inteiro da Estação Pinacoteca com 110 peças de museus e igrejas da Espanha

Esculturas, capitéis e trabalhos em ouro e prata dos séculos 11 ao 13 demonstram simplicidade de arte para os peregrinos


Julia Moraes/Folha Imagem
Parte central da mostra "Caminhos de Santiago", com um dos Cristos crucificados ao fundo


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O quarto andar da Estação Pinacoteca reconstitui testamentos da fé de peregrinos que, entre os séculos 11 e 13, tornaram famoso o Caminho de Santiago de Compostela. É aberta hoje para convidados e amanhã para o público "Caminhos de Santiago - Arte no Período Românico em Castela e Leão", exposição que reúne 110 peças raras, entre capitéis, esculturas e objetos em ouro e prata, entre outras.
Os objetos, em sua maioria, pertencem ao acervo de igrejas e museus da região espanhola de Castela e Leão, passagem importante da rota de peregrinos que se dirigiam para o sepulcro de Santiago, em Compostela, em geral saindo da cidade espanhola de Roncesvalles, na fronteira com a França.
"A rota ficou conhecida como o "Caminho Francês". A partir da descoberta do sepulcro [entre os anos de 820 e 830], a cidade começa a se tornar importante para os católicos. Como a Terra Santa estava dominada pelos considerados "infiéis", Roma e Compostela viram destino de peregrinos de toda a Europa", explica o curador da mostra, o historiador Juan Carlos Elorza Guinea. Cidades como Burgos, Palencia, León e Soria viram um incremento de sua iconografia artística a partir do grande fervor católico que as peregrinações propiciavam. "A arte românica tinha de ser muito simples. A grande maioria das pessoas não era letrada e, por isso, o evangelho era melhor entendido a partir de figuras, desenhos e relevos, feitos em estilo bastante despojado", afirma Guinea.

Montagem
A curadoria da exposição exibe em seu início e em seu final obras de regiões contíguas a Castela e Leão -Galícia e Navarra- para demarcar a partida e o destino das rotas. Assim, capitéis e relevos de Pamplona e Santiago de Compostela servem de apoio para a maior parte do acervo exposto.
A montagem optou por um tom mais "intimista", com a luz mais baixa em alguns módulos da mostra. Há uma série de capitéis no segmento inicial da exposição, onde as figuras de animais e seres fantásticos ilustram com intensidade os conceitos de bem e mal segundo a doutrina católica.
"Em um novo milênio, o clima de temor era muito grande. Então, dragões, esfinges, nereidas e seres híbridos representam o mal, que deve ser combatido por figuras humanas heróicas e evidentemente católicas", afirma Guinea. Entre os destaques, há o "Capitel com a Besta das Sete Cabeças", feito em pedra, datado do último quarto do século 12 e atualmente no Museu da Catedral do Burgo de Osma, em Soria.
Há uma boa representação de esculturas, que vão desde uma rara imagem de São Zacarias, datada do século 12, em mármore, até uma impressionante série de Cristos crucificados. Entre eles, o da igreja de São Lourenço, em Yanguas, impressiona pelo apurado trabalho de cores sobre madeira.

CAMINHOS DE SANTIAGO - ARTE NO PERÍODO ROMÂNICO EM CASTELA E LEÃO
Quando:
de ter. a dom., das 10h às 18h; até 6/5
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, SP, tel. 0/xx/11/3337-0185)
Quanto: R$ 4 (sáb., entrada franca)


Texto Anterior: Por que ir
Próximo Texto: Aniversário do memorial traz obra de Botero
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.